//CULTURA// Brasil tem vocação para ditadura, diz o jornalista Humberto Mesquita

Humberto Mesquita: "Serra Negra é um espaço de turismo
muito importante, muito interessante. É uma belíssima cidade"

  
O jornalista e escritor Humberto Mesquita foi o entrevistado desta semana do Serra Negra na Roda, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, excepcionalmente, às 17 horas da quarta-feira, 18 de novembro.

Com passagem por importantes emissoras de TV, como Excelsior, Tupi, TVS, SBT e Bandeirantes, além de escrever para revistas que marcaram a história do jornalismo brasileiro, como Cruzeiro e Realidade, Humberto Mesquita lembrou com muito humor episódios de sua carreira profissional, como a entrevista com Fidel Castro, que acabou virando vinheta da emissora TVS, de Silvio Santos, crítico do ex-presidente cubano e do comunismo.

O jornalista também revelou sua ligação com Serra Negra. Além da filha que reside na cidade, Humberto Mesquita esteve por aqui quando apresentava “Isto é Brasil”, programa produzido pelo SBT, com o qual percorria o país para apresentar municípios e locais turísticos.

“Estive em Serra Negra para mostrar a cidade ao Brasil. Serra Negra é um espaço de turismo muito importante, muito interessante. É uma belíssima cidade”, disse o jornalista.

Autor de diversos livros, entre os quais “Coisas que Vi”, lançado no ano passado, Mesquita lembrou dos tenebrosos anos de ditadura militar, com efeitos nocivos também para para o jornalismo brasileiro.

O Brasil, na sua avaliação, tem uma vocação para a ditadura. “Todas as vezes que nascia uma ditadura no Brasil havia dois dedos presentes: nossos irmãos do Hemisfério Norte e a TV Globo”, afirmou, destacando que logo após os interesses  serem atingidos, os “irmãos” e a TV Globo sempre acabam saindo de cena.

O jornalista lembrou que durante a ditadura, as redações dos jornais viviam infestadas de militares. A censura, disse, era terrível, todos os programas eram submetidos à apreciação do censor, que sempre fazia ameaças.

“Com o ator Fúlvio Stefanini elaborei um programa e tivemos de mostrar para a censora, que se chamava Arlete. O vídeo do programa inicial tinha um trecho que falava dos afrescos de Rafael. Ela mandou substituir afrescos por 'homens de mau caráter' de Rafael”, relatou.

Entre os grandes estadistas e políticos brasileiros, Humberto Mesquita citou até Carlos Lacerda, que, apesar de ser de direita, era inteligente, na sua opinião. Mas seus elogios foram para Itamar Franco, Miguel Arraes, Brizola e em especial para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e o educador Paulo Freire.

“Muita gente discorda em relação ao Lula, mas acho que ele foi um cara injustiçado por Sérgio Moro, que fez trapaças judiciais e que se coloca como bom moço”, afirmou. Mesquita confessa que inicialmente duvidou da capacidade de Lula e que revelou isso ao ex-presidente. “Mas depois ele se mostrou o contrário, um dos caras mais inteligentes que conheci”, salientou.

Mesquita, que vive seis meses no Brasil e seis meses em Marselha, se dedica atualmente a escrever o livro "Cangaço: Frente e Verso", sobre o qual ele antecipou ao Serra Negra na Roda histórias interessantes e bem humoradas sobre o tema. 

Abaixo, a íntegra do programa com Humberto Mesquita:




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