//ANÁLISE// A fome como combate à inflação

                                                                   


Fernando Pesciotta


Com o fim do auxílio emergencial, o governo volta a falar em dar fôlego ao Bolsa Família a partir de janeiro. A informação foi dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Nesta quinta-feira, 12 de outubro, o ministro repetiu que se houver uma segunda onda de coronavírus o auxílio emergencial pode voltar, mas com menor impacto nas contas públicas.

Neste ano, o combate aos efeitos da pandemia, incluindo o benefício, custou 10% do PIB. Se for retomado, ficaria em torno de 4% do PIB.

O governo também avalia a possibilidade de eliminar impostos de importação para tentar conter a alta de preço dos alimentos.

Mas Guedes não está muito preocupado com isso. Ele aposta na fome dos mais pobres como estratégia para segurar a alta de preços.

O ministro reafirmou que a inflação é temporária. Com o fim do auxílio emergencial, o consumo de alimentos e materiais de construção “deve se acalmar” e segurar a alta de preços.

Ontem mesmo, porém, a Petrobras colocou em vigor novo reajuste de preço da gasolina e do diesel, que ficaram 5% e 6% mais caros. Mas tudo bem, os pobres ficarão sem renda e tudo se normalizará.

Bolsonaro desautoriza conselho presidido por Mourão

Jair Bolsonaro chamou de “delírio” a ideia de o governo criar mecanismos para expropriar propriedades no campo e nas cidades com registros de queimadas e desmatamentos ilegais.

A medida consta de documento do Conselho Nacional da Amazônia Legal, colegiado comandado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão. A iniciativa visa dar uma resposta a cobranças por ações efetivas de combate ao desmatamento.

“O Brasil não é um país socialista/comunista”, postou Bolsonaro nas redes sociais. “Se alguém levantar isso aí eu demito”, acrescentou Bolsonaro, que na segunda-feira revelou que não tem falado com Mourão.

Desaprovação

Em transmissão ao vivo pelo Facebook, Bolsonaro voltou atrás e disse que pode autorizar a compra da CoronaVac.

Segundo o Datafolha, a imagem do presidente piorou no Rio e em São Paulo, onde chegou a 50% de desaprovação – a aprovação recuou de 25% para 23%.
 

---------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

Comentários