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Fernando Pesciotta
Corrupção e uso da máquina pública são características visíveis do governo de Jair Bolsonaro. Dois episódios desta semana comprovam isso: o dinheiro da Saúde que foi parar nas nádegas de um senador amigo da família e a estatização do futebol.
O vice-líder de Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues, foi pego nesta quarta-feira, 14 de outubro, com R$ 30 mil escondidos nas nádegas.
Além de ser vice-líder do governo, o senador é próximo de Bolsonaro. Nas redes sociais estão disponíveis vários vídeos em que eles trocam carinhosos elogios.
Em um deles, Chico fala em “recuperar a moralidade” e Bolsonaro responde que eles têm “quase uma união estável”.
Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, é assessor parlamentar do senador. Ele é muito ligado a Carlos Bolsonaro e tem livre trânsito no Palácio do Planalto.
Também estão disponíveis na internet fotos que revelam uma grande proximidade entre Índio e Carlos Bolsonaro.
O senador Chico Rodrigues, do DEM de Roraima, é alvo de uma operação da Polícia Federal que apura desvio de dinheiro da Saúde. Além dos R$ 30 mil nas nádegas, ele escondia outros R$ 70 mil em sua casa, segundo o Estadão.
Pelo fato de ser próximo da família Bolsonaro e pelo inusitado do dinheiro sujo, o caso virou meme nas redes sociais.
A investigação apura desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia oriundos de emendas parlamentares. Ou seja, o senador sugeriu a destinação de recursos para seu Estado e desviou parte dele.
Para desviar o dinheiro, a operação de compra de equipamentos e medicamentos teve sobrepreço de R$ 1 milhão.
"Desviar dinheiro da saúde em plena pandemia é mais do que corrupção e chega bem próximo do assassinato. Devemos ter em conta que isso não é aceitável. Precisamos continuar no esforço de desnaturalização das coisas erradas no Brasil", argumentou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que autorizou a operação.
Uso da máquina
A vitória do Brasil sobre o Peru teve ampla repercussão nas redes sociais. Não pelo resultado (4 a 2) ou pelos três gols de Neymar.
Pela primeira vez em décadas um jogo do Brasil pelas eliminatórias da Copa não teve transmissão pela Globo, mas pela estatal TV Brasil. Narrador e comentarista fizeram elogios e agradecimentos a Bolsonaro.
A pedido do governo, a CBF fez a intermediação com a federação peruana para a TV Brasil ser o único canal aberto a transmitir o jogo, após a negociação com a Globo ter fracassado.
Em tempo: na campanha eleitoral, Bolsonaro jurou que fecharia a TV Brasil.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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