//ANÁLISE// Cresce preocupação com a economia

                                                        


Fernando Pesciotta


O Ibovespa fechou em queda de 1,40% nesta terça-feira, 27 de outubro. É a terceira retração seguida. Medo com a retomada da pandemia no mundo, realização de lucros e receio com a política econômica brasileira são apontados como causa da queda.

Os investidores indicam pressão da situação fiscal no Brasil, com o agravante do dia: o desencontro entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a base governista.

Maia criticou a obstrução da base e disse que a votação do Orçamento, que tem de ocorrer até o final do ano, pode ser adiada para março. Fez crescer as desconfianças no mercado financeiro e afugentou ainda mais os investimentos.

Os sinais do Tesouro Nacional reforçam as preocupações. A dívida pública subiu 2,59% em setembro, em relação a agosto, para R$ 4,527 trilhões.

Isso porque o governo está encontrando maiores dificuldades para se financiar. O custo ficou mais alto e o prazo de pagamento, menor, reconhece o Tesouro.

O investimento externo direto no Brasil caiu à metade no primeiro semestre, indica a ONU. Falta de privatização e gestão da pandemia são as causas alegadas.

Acrescente-se a incógnita em relação ao que será da economia brasileira quando acabar o pagamento do auxílio emergencial.

A intranquilidade não atinge apenas a economia. O hospital federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, pegou fogo.

A direção do hospital disse ter alertado o Ministério da Saúde para o problema no ano passado, mas nada foi feito. O resultado: centenas de pacientes desalojados e três mortos.

A resposta do governo foi a publicação de um decreto, assinado por Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes, prevendo a privatização das unidades básicas do SUS.

Especialistas criticaram a medida que atinge um dos pilares do atendimento no sistema público.

Detalhe importante: o processo fica a cargo da Secretaria Especial do PPI do Ministério da Economia. Não há nem menção do Ministério da Saúde.

Mais demissão, mais lucro

O Santander demitiu 2.045 funcionários e fechou 91 agências de abril a setembro.

O balanço do banco espanhol mostra lucro de R$ 3,902 bilhões, alta de 5,3% na comparação anual. Em relação ao trimestre anterior, o lucro ficou 82,7% maior.

Baixa imunidade

Cientistas do Imperial College, de Londres, concluíram que a imunidade do coronavírus dura pouco, principalmente em assintomáticos e idosos. Assim, as pessoas podem se infectar várias vezes.

Os governos europeus já temem um novo colapso nos hospitais.
 
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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