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Salete Silva
A infecção por coronavírus voltou a crescer em cerca de 70 países, entre os quais o Brasil, onde pelo menos oito Estados registraram aumento de mortes nos últimos dias.
Países europeus retomaram recentemente medidas emergenciais e de restrição, como o menor horário de funcionamento de bares e restaurantes, uso obrigatório de máscaras faciais e retorno do trabalho em home office.
Por aqui, preferimos fazer de conta que está tudo tranquilo, ainda mais que o governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira, 25 de setembro, o menor número diário de mortes desde maio, ainda que sejam 158 óbitos por dia no Estado.
O Brasil ultrapassou as 140 mil mortes por covid-19 e as UTIs da região continuam lotadas. Aos poucos, abrimos a guarda e relaxamos nas medidas de segurança.
Basta uma circulada pela cidade, que aliás encerrou a semana bem movimentada, para constatar o abandono do uso de máscaras por trabalhadores em escritórios e por pessoas que circulam nas ruas, como se já tivesse sido banida a lei que obriga o uso do equipamento de proteção nos espaços públicos de Serra Negra.
França, Espanha e Itália retomaram o uso das máscaras faciais. Na Inglaterra, quem se contaminar por coronavírus pode ser multado em até 10 mil libras (R$ 70 mil) a partir de segunda-feira, 28 de setembro.
A Alemanha voltou a tornar obrigatório o teste de covid-19 no aeroporto. Além disso, os alemães estão proibidos de se aglomerar até o final do ano.
O mais difícil no enfrentamento da covid-19 em Serra Negra, confidenciou um profissional da área da saúde do município, é a desinformação e o descumprimento de regras, incluindo quem deveria dar o exemplo.
Profissionais liberais, empresários e até políticos e lideranças locais usam incorretamente as máscaras faciais e relativizam os riscos de contaminação.
Prevalecem ainda informações ultrapassadas, como a de que a covid-19 é uma doença com riscos apenas para idosos e pessoas com comorbidades.
Reportagens diárias sobre mortes de jovens, saudáveis e sem antecedentes são completamente ignoradas.
A cloroquina e a ivermectina ainda são citados como medicamentos eficientes no tratamento de covid-19, embora nem sejam utilizadas pela saúde municipal.
O país não está livre de uma nova onda de contaminação como vem ocorrendo em países europeus. Afinal, ainda não há vacina e o vírus continua circulando.
A medicina e a ciência, em mais de oito meses de pandemia, desenvolveram métodos eficientes para evitar as formas mais graves da doença, que não têm nada a ver com medicações mágicas.
O desafio por aqui, se houver uma nova onda, será convencer a população de que o afastamento social, apesar da evolução nos tratamentos, ainda é uma medida necessária.
A batalha não é só contra o coronavírus. É contra também o vírus da desinformação, que ameaça a humanidade há tempos e cuja transmissão não dá para evitar com isolamento social. Ele se propaga pelo celular.
“O Dilema das Redes”, um documentário disponível na Netflix, revela como o vírus da desinformação contamina o usuário do Instagram, do Facebook, do Google, entre outras redes, transformando-o em mero produto nas mãos das maiores empresas de tecnologia e comunicação do mundo.
A manipulação dos algoritmos, que polariza, dissemina o ódio e desinforma os usuários, dificulta também o combate à pandemia, mas é o que garante lucros bilionários a essas companhias.
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