//ECONOMIA// Movimento de 7 de Setembro anima empresários



Salete Silva


O movimento no comércio, rede hoteleira, bares, restaurantes e supermercados foi bom durante o feriado de 7 de Setembro, mas faltam dados estatísticos para analisar o impacto dessa movimentação na economia da cidade e fazer previsões sobre a tendência para os próximos meses.

Lojas, bares e restaurantes lotaram nos três dias de feriado e alguns empresários avaliam que as vendas este ano superaram em alguns casos até as do feriado de 2019.

Nenhuma entidade representativa desses segmentos, no entanto, apresenta mensalmente ou dispõe de informações estatísticas com uma série histórica que permita comparações com anos anteriores ou pré-pandemia.

O panorama econômico é muito atípico. A base de comparação com o período anterior à pandemia é muito baixa e com o feriado do ano passado é muito alta.

O comportamento do consumidor, exausto de meses de restrições, foi impulsionado por um sentimento de que o pior já deve ter passado, o que chegou a provocar aglomerações em praias e cidades do Interior.  

Os lojistas de Serra Negra de forma geral venderam acima das expectativas. Mas com margem de lucro mais apertada. Depois de meses sem frequentar o comércio, boa parte dos consumidores parecia disposta a comprar.

A preferência foi por produtos mais baratos em promoção ou com descontos e parcelamento do pagamento, o que já é normal, mas que se intensificou com o aumento do desemprego e a queda da renda, que já vinha ocorrendo devido à desaceleração econômica e que se agravou com a pandemia.

“Tem de ter preço, promoção e desconto”, disse um comerciante que colocou todas as peças da loja em promoção.

Com isso, seu faturamento este ano superou em 10% o do ano passado. “Se não houver outra onda de contaminação, teremos os próximos fins de semana com movimento também”, prevê o empresário que preferiu não se identificar.

“A cidade estava cheia no feriado por diversos fatores, os dias foram ensolarados e os visitantes advindo de toda região não conseguiram vagas nos hotéis em função da flexibilização, mesmo assim vieram passar o dia, no chamado bate e volta”, disse a diretora de marketing da Associação dos Hotéis e Restaurantes De Serra Negra (Ashores), Sirlene Terenciani, da Pousada Shangri-lá.

Pelo último Decreto Municipal Nº 5.080, editado depois que a cidade passou para a Fase Amarela do Plano São Paulo, os hotéis estão autorizados a funcionar com até 50% de sua capacidade, o que, segundo a empresária, impossibilitou atender a toda a demanda.

“A ocupação deveria aumentar, pois todos estão fazendo a lição de casa, tanto os funcionários de todos setores, o turista e os empreendimentos”, argumentou Sirlene.


Filas em restaurantes

Restaurantes e bares, com funcionamento restrito a 8 horas por dia e 40% da capacidade, tiveram fila na porta.

“Registramos um significativo aumento nas vendas, comparando com os últimos finais de semana, chegando a ter fila na porta”, relatou Ariel Estácio, que gerencia restaurante e uma loja.

“Porém, não chegamos a ter vendas acima do feriado do ano passado. Creio que isso se deva ao fato da redução de mesas e cadeiras, respeitando o decreto”, explicou.

O movimento no comércio, ele avalia, pode ter superado ao do ano passado. “Havia muita gente na rua, acredito que mais do que em 2019”, observou.

As vendas da loja de vestuário foram boas. “Clientes da loja sempre pediram muito desconto, dessa vez não foi diferente”, afirmou.


Normalidade nos supermercados

Os supermercados também registraram bom movimento, que pode ter superado o de 2019. Mas para a empresária Caroline Saragiotto Marson, a Carol, sócia do Colorado Supermercados, o motivo é que a data do ano passado não favoreceu, caindo em um domingo.

“Este ano tivemos a oportunidade de um fim de semana prolongado, por isso o aumento do fluxo de pessoas, e consequentemente de um maior movimento”, avaliou.

As vendas nos supermercados, acredita, seguem a normalidade, com maior movimento no começo do mês e uma queda no fim.

“Nos fins de semana a procura por produtos de valor agregado maior também aumenta um pouco, mas tudo dentro da normalidade, nada exagerado ou significativo”, explicou.

O perfil do turista neste feriado se destacou pela presença em especial de grupos de famílias, muitas extensivas (pai, mãe, filhos, tios, avós), além de casais. “Muitos dos nossos clientes disseram que já tiveram covid-19”, disse um comerciante.


Viagens curtas

Como previram especialistas, os destinos curtos, como Serra Negra, distante até 200 quilômetros dos grandes centros, também explicam a movimentação no feriado.

Boa parte dos visitantes durante o Sete de Setembro era da capital ou do interior do Estado, como Campinas, Americana, Franca, Ribeirão Preto, entre outras cidades.

“Muitas famílias e casais. Pessoal da região, no mais distante Minas Gerais. Dentre os clientes que conversei, a maioria era daqui de perto. Vieram descansar no feriado porque estão cansados do isolamento”, afirmou Estácio.

Serra Negra nesse início de reabertura total da economia está sendo beneficiada pelo receio do turista de optar por viagens mais longas, em especial as de avião ou as de maior risco de contaminação, como as de ônibus, avalia Carol.

 “Serra Negra sai na frente pela facilidade de acesso dos grandes centros em poucas horas de carro”, afirmou.

A maior parte dos visitantes seguia as regras de segurança, como o uso de máscaras, observaram os comerciantes. Mas uma parcela ainda resiste às normas. “Diria que uns 20 a 30% estavam irritados com toda essa cautela”, observou Estácio. Alguns chegavam a contestar as normas dos estabelecimentos comerciais.

“Cabe a nós (empresários) orientá-los a utilizar de boas práticas, com o objetivo de segurança para todos que estão no local”, afirmou Sirlene, salientando que, na sua avaliação, as pessoas sem máscaras eram exceções.


Retomada cautelosa

Apesar da movimentação do fim de semana, as previsões sobre a retomada sustentada do turismo são cautelosas.

“Acredito que a retomada do turismo ainda será devagar, preenchendo os leitos mais em fins de semana e feriados, com ocupação baixa durante a semana”, prevê Sirlene que espera boas inciativas e uma programação natalina para atrair visitantes.

Ainda é muito cedo para fazer previsões, segundo Estácio. “Percebi que essa multidão era gente cansada de ficar em casa. Não sei quanto tempo que isso será sustentado sem políticas públicas”, observou.

Carol Marson também faz uma previsão cautelosa. “Quero ser otimista em relação a isso sim, porém ainda temo pela pandemia. Enquanto não tivermos a vacina, não estaremos totalmente recuperados”, afirmou. 

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