//CULTURA// "Serra Negra tem um potencial incrível", diz o maestro que encantou a cidade



O maestro Agenor Ribeiro Netto, criador e regente da Sinfonia das Águas, espetáculo que encantou a população serrana em dezembro de 2019, negociava com a secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra três apresentações musicais na cidade ao longo de 2020 quando a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil.

Os ensaios com os músicos, a programação de suas orquestras para este ano e as negociações com o ex-secretário César Augusto Borboni foram interrompidos.

Essa e outras revelações foram feitas pelo maestro no programa desta semana do Serra Negra na Roda, uma iniciativa da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari. O programa foi apresentado, excepcionalmente, nesta terça-feira, 1º de setembro.

O maestro relatou que estava praticamente acertada uma programação musical em Serra Negra em 2020, que previa apresentações da orquestra de viola e violinos em julho, da orquestra de São João da Boa Vista em agosto e, novamente, em dezembro, a Sinfonia das Águas.

"Morro de vontade de fazer a Sinfonia aí em Serra Negra”, afirmou o maestro, que mora em Poços de Caldas (MG) e ainda está em isolamento social. 

“Estava tudo engatilhado, mas parou tudo”, lamentou, se referindo às negociações com o ex-secretário serrano.

A última apresentação do maestro com sua orquestra foi em fevereiro. A interrupção dos eventos trouxe sérias consequências financeiras para os músicos. Os patrocinadores suspenderam os repasses de recursos.

O maestro conta que recebeu mensagem de músico que não tinha sequer dinheiro para a alimentação básica e 56 deles de alguma forma estavam passando necessidades financeiras.

O maestro realizou uma “live” chamada Orquestra Viva para ajudar os músicos. Com a iniciativa, levantou R$ 33 mil, que renderam cerca de R$ 700 a cada um. Os patrocínios começam a retomar e o maestro espera poder cumprir a primeira folha de pagamento dos músicos desde a pandemia ainda este mês.

Os ensaios também devem começar a ser retomados de forma gradual, separadamente, por naipes de instrumentos musicais.

Serra Negra continua nos planos do maestro em especial por que ele diz ter encontrado por aqui um potencial musical, artístico e turístico "incrível" e ideal para a apresentação de suas quatro orquestras e para eventos culturais de todos os tipos e portes.

O regente não conhecia Serra Negra antes da oportunidade de se apresentar no município. “Fiquei encantado com Serra Negra, com a riqueza do turismo, com a oferta da rede hoteleira e a qualidade dos hotéis”, afirmou.

Ele destaca os espaços disponíveis privilegiados, tanto os ambientes fechados, como o Centro de Convenções, com o qual o maestro se deslumbrou, quanto os abertos próximos à natureza, como a represa Santa Lídia e o morro do Cristo Redentor, que seriam perfeitos, em sua avaliação, para apresentações ao ar livre no pós-pandemia.

“O Centro de Convenções é uma loucura. A cidade tem uma praça deliciosa que lembra a Europa e que é central. Na represa daria para colocar a orquestra em uma balsa e no Cristo Redentor fazer uma apresentação da orquestra de costas para a cidade. Isso é maravilhoso! É mágico!”, afirmou o maestro.

O maestro avalia que com o porte de Centro de Convenções, Serra Negra poderia ter uma programação cultural ininterrupta.

“Dá para fazer festival de música de todos os tipos, festival de teatro, festival de curta metragem, que está em alta no mundo todo. Esse centro de convenções é um espaço maravilhoso para ser ocupado. É uma pedra bruta para ser trabalhada”, concluiu.

O regente prevê após a pandemia um aumento de demanda grande de turistas  nas estâncias turísticas que, na sua avaliação, vão ter de investir em eventos culturais.

Os municípios vão estar sem recursos para isso devido à crise econômica e à queda na arrecadação, mas, o maestro ensina, há os programas de financiamento destinados à cultura, como a Lei Rouanet e o Programa de Ação Cultural (Proac), do governo do Estado de São Paulo.

Além disso, ele lembra, o governador João Doria (PSDB) disponibilizou R$ 220 milhões para municípios turísticos, verba que Serra Negra, na sua avaliação, não teria dificuldade de acessar.

Para o maestro, o turismo e a cultura poderiam impulsionar a economia do país se houvesse vontade política e criatividade das autoridades, começando pelo governo federal. Ele lamentou o Ministério do Turismo nunca ter tido um titular com competência e vontade política.

O momento de maior emoção para o maestro durante a entrevista ao Serra Negra na Roda foi quando ele lembrou de como finalmente, aos 49 anos, ingressou no curso de regência, que permitiu que iniciasse sua carreira de regente, aos 53 anos.

Esse era seu maior sonho desde o início da adolescência, quando já era saxofonista, e que foi adiado porque seu pai não permitiu que ele seguisse a carreira na música. O maestro não conteve as lágrimas. 

Confira abaixo a íntegra do programa:



 

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