//ANÁLISE// O liberal pregado no cargo público

                           


Fernando Pesciotta


Depois que a equipe econômica de Paulo Guedes anunciou publicamente a intenção de congelar pensões e aposentadorias para subsidiar o Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro recorreu às redes sociais para fazer o que mais tem feito e novamente desautorizar o ministro.

Em vídeo postado ainda na manhã da terça-feira, 15 de setembro, Bolsonaro negou o congelamento dos benefícios e “proibiu” a discussão sobre o programa para substituir o Bolsa Família.

“Está proibido falar a palavra (sic) Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”, ordenou.

Além de desautorizar a equipe econômica, Bolsonaro ameaçou demitir os responsáveis. Afirmou que “só pode dar um cartão vermelho” a quem apresenta uma proposta de congelamento de aposentadorias.

Está certo que a ideia, lançada pelo secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, é estapafúrdia. Na acepção da palavra, totalmente desconectada da realidade e das necessidades políticas. Mas o presidente não perde a oportunidade para humilhar o ministro publicamente. A cada dia Bolsonaro reafirma sua total desvinculação com a agenda de Guedes.

Após a ameaça de “cartão vermelho”, o mercado financeiro revelou a irritação dos investidores. A Bolsa passou a operar em baixa e o dólar, em alta. Guedes, então, entrou em campo para dizer que o cartão vermelho não seria para ele. O Ibovespa acabou fechando praticamente estável, com alta de 0,02%.

Nunca se viu um liberal como Guedes diz ser ficar tão apegado a um cargo público. Como não existe almoço grátis, seu comportamento dá margem para ilações.

Espremido, Paulo Guedes voltou a priorizar a nova CPMF. Ele quer lançar um pacote atrelado à criação do tributo, com desoneração, benefício às igrejas e isenção do Imposto de Renda e da linha branca.

Prepare o lombo.

Mais mortes e superfaturamento

Apesar do clima do “já passou”, o País voltou a ter mais de mil mortes por Covid-19 em 24 horas, levando o total para 133.207, com 34.755 novos casos em um dia.

Além de incompetente, há indícios de corrupção na gestão da Saúde. O ministro Celso de Mello, do STF, encaminhou em agosto denúncia à PGR que pede a responsabilização dos ministros Eduardo Pazuello e Fernando Azevedo pela compra dos insumos e fabricação da cloroquina. A suspeita é de superfaturamento. Militares corruptos? Duvido.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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