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Fernando Pesciotta
A Idade Média é um período histórico marcado por perseguições, invasões bárbaras, pelas Cruzadas e pela Inquisição. Tudo em nome de Deus. Esse período é definido entre o fim do Império Romano, no século V, e a transição para a era moderna, em 1453.
O Brasil, portanto, ainda nem existia nos moldes ocidentais quando acabou a Idade Média. O País deixou para ser medieval agora.
O governo Bolsonaro se encaixa em todas as definições desse período macabro da civilização. É retrógado, messiânico, propagador da violência, preconceituoso, disfuncional, contra a ciência e perseguidor.
Numa entrevista ao Estadão em meados de setembro, o ministro da Educação esclareceu seu louvor a ideias medievais, lembrou trechos da Bíblia e repetiu diversas vezes a necessidade de usar a “vara da disciplina”. Freud explica.
Para o soturno Milton Ribeiro, toda criança é “inclinada para o pecado, para a coisa errada”, e somente a violência a colocará no caminho da correção. “Não estou aqui dando uma aula de espancamento infantil, mas a vara da disciplina não pode ser afastada da nossa casa”, disse, entre sombras.
A perseguição do medieval governo Bolsonaro fica a cargo de outro pastor, que se diz ministro da Justiça. Foi André Mendonça que pediu à Polícia Federal que investigasse Guilherme Boulos por um post no Twitter criticando Bolsonaro.
O ministro teria acolhido um pedido do deputado José Medeiros, ativista de extrema-direita nas redes sociais.
No mesmo inquérito, a PF investiga também o jornalista Ricardo Noblat, por ter feito um comentário no Twitter, em março. Da mesma forma, por “determinação” de Medeiros.
Noblat é alvo de outro inquérito da PF, por ter compartilhado uma charge de Aroeira ironizando o comportamento de Bolsonaro durante a pandemia.
Carol Solberg, jogadora de Vôlei de Praia, corre o risco de ser severamente punida por ter soltado um “fora Bolsonaro” após receber uma premiação. Ela foi denunciada pelo STJD. Atletas que se manifestaram a favor do governo nada sofreram.
Helio Schwartsman, colunista da Folha, é alvo de investigação da PF por ter publicado um texto no qual torcia pela morte de Bolsonaro. Um desejo a ser guardado a sete chaves.
Contra a corrupção
Um programa beneficente liderado por Michelle Bolsonaro repassou, sem licitação, R$ 240 mil de doações privadas à Associação de Missões Transculturais Brasileiras, indicada pela medieval ministra Damares Alves. A denúncia é da Folha de S. Paulo.
Damares é aquela que vê Jesus na goiabeira, defende açoites e acha que uma menina de dez anos, estuprada pelo tio desde os seis anos de idade, deve ser impedida de fazer aborto. Tem algo mais medieval do que isso?
Que venha o Renascimento.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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