//ANÁLISE// O alto preço do negacionismo de Bolsonaro

                                


Fernando Pesciotta


Jair Bolsonaro, que adora pagar suas contas com dinheiro vivo, não surpreende mais ninguém. Seu discurso na Assembleia-Geral da ONU ficou dentro do previsto: repleto de mentiras, dados falsos, exageros e acusações sem prova.

A reação é de críticas na imprensa brasileira e internacional. O desgaste global só não é maior porque seu guru, Donald Trump, também discursou, chamando o coronavírus de chinês. Bolsonaro e Trump dividiram a vergonha.

O negacionismo barato de Bolsonaro não se limita a manchar ainda mais a imagem do País. Provoca duras consequências econômicas. Neste ano, a fuga de capital estrangeiro, até agosto, chega a US$ 15,2 bilhões, recorde desde 1982.

Analistas avaliam que a questão ambiental pode piorar esse quadro.

Conforme relata a Folha, empresários e altos executivos de grandes companhias lamentam a chance perdida de aproveitar um palco internacional para tentar melhorar a imagem do Brasil e elevar a confiança do investidor estrangeiro.

A impressão que ficou é de amadorismo, o que eleva o ceticismo das matrizes em relação ao País.

“Com mentiras, Bolsonaro diz que Brasil é vítima de campanha de desinformação”, editou o UOL. “Para entidades, o discurso de Bolsonaro é negacionista, delirante e prejudica o País”, destacou o G1.

A opção do Estadão foi “Na ONU, Bolsonaro repete dados falsos sobre pandemia e queimadas e exagera no valor do auxílio emergencial”.

No cenário internacional, o El País ressaltou que “Na ONU, Bolsonaro se exime de erros na gestão da pandemia e choca ao culpar índios por incêndios”. A BBC: “De ‘cristofobia’ a Amazônia: os sete pontos polêmicos do discurso de Bolsonaro na ONU”.

Diplomatas e especialistas em relações internacionais reagiram mal, segundo o UOL. O principal motivo é a recusa de Bolsonaro em aceitar o desafio ambiental e de direitos humanos, além de não fazer nenhum aceno ao multilateralismo.

Dinheiro vivo

Bolsonaro e seus filhos fizeram sucessivas doações em dinheiro vivo para irrigar suas campanhas eleitorais de 2008 a 2014. No total, foram R$ 163 mil, em valores corrigidos pela inflação.

Carlos Bolsonaro aos 20 anos comprou um imóvel e pagou R$ 150 mil com dinheiro vivo. Um fenômeno.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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