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A fama de cidade da saúde vai ser o principal atrativo do município quando os turistas e visitantes começarem a retomar os passeios e as viagens em busca de destinos próximos aos grandes centros que permitam o contato com a natureza, hábitos saudáveis e melhor qualidade de vida.
Essa é a expectativa dos participantes do Serra Negra na Roda, que na quarta-feira, 5 de agosto, debateu o futuro do turismo na cidade. O programa é uma iniciativa da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, mantido pelo diretório do PT de Serra Negra.
Mediado pelos jornalistas Salete Silva e Carlos Motta, o programa contou esta semana com a participação da agente de viagens Luciana Ramos, do empresário Ariel Estácio e do arquiteto e urbanista Marcio Accorsi.
“Serra Negra tem diferentes atrativos, mas é muito importante neste momento ressaltar a saúde, mesmo porque o turista vai estar preocupado com saúde, procurando destinos onde se sintam seguros e onde os protocolos sanitários são respeitados”, afirmou Luciana Ramos.
A agente de turismo relatou que há turistas que já pensam em viajar agora, mas boa parte, em especial os grupos de terceira idade, que fazem parte de um segmento relevante do turismo da cidade, planejam viagens futuras.
Se anteriormente à pandemia já havia uma preocupação com a infraestrutura hospitalar e médica dos destinos turísticos, agora, Luciana acredita, haverá uma preocupação ainda maior com essa questão.
“Houve muito negacionismo, há quem ainda ache que a pandemia não existe, mas é certo que não vamos voltar mais ao normal como conhecemos anteriormente”, disse Luciana. A imagem de cidade saúde ajuda a reforçar a ideia entre os turistas de que a cidade está preparada para recebe-los.
O empresário Ariel Estácio lembrou que o município já está associado à ideia de saúde desde 1928, quando as fontes de águas radioativos para tratamento da saúde começaram a atrair visitantes para Serra Negra.
Essa fama da cidade foi perdendo força com a falta de investimentos na preservação das fontes de águas e em pontos turísticos ligados às águas radioativas que a originaram, como a Fonte São Luiz.
“Sem a denominação de cidade saúde, Serra Negra perde seu diferencial”, disse Ariel. O empresário sugere que a saúde norteie também os princípios de retomada da economia. “Não adianta abrir tudo, sem ter consciência da gravidade da pandemia.”
O empresário considera o decreto municipal que determina as regras de retomada da economia bem elaborado, mas avalia que falta maior rigor na fiscalização para que as determinações e os protocolos sejam cumpridos pelos empresários e pela população de forma geral.
O arquiteto Márcio Accorsi disse já ter constatado a transferência de cidadãos de outros municípios, em especial de grandes centros, para residências de veraneio em Serra Negra, onde podem trabalhar no sistema de home office. E a água, ele lembrou, é o capital do século 21.
“Quanto mais água pura melhor, quanto mais natureza melhor, porque é isso que as pessoas vão querer”, afirmou. Ele ressalva, no entanto, que os turistas procuram a cidade para ficar próximo à natureza, mas Serra Negra tem outros potenciais turísticos ligados à cultura e arquitetura ainda pouco explorados.
Marcio lembrou que Tiradentes, cidade mineira conhecida pela sua arquitetura, tem como um dos principais atrativos turísticos o ateliê do artista plástico Sergio Ramos, casado com Denise Ramos, cidadã serrana. “Quem faz arte em Serra Negra?”, perguntou o arquiteto, salientando que arte e cultura de forma geral têm de ser estimulados desde a infância.
Há um consenso entre eles, no entanto, que a discussão sobre a retomada da economia é prematura, uma vez que o número de óbitos diários no país permanece há meses acima de 1.000, deve chegar a 100 mil nos próximos dias, e que o deslocamento de turistas e visitantes, segundo os cientistas, é uma das principais formas de disseminação do coronavírus.
Luciana lembrou que a retomada da atividade econômica será lenta e quando isso ocorrer os visitantes vão estar estressados e em busca da natureza. “Vão procurar o turismo de experiência”, salientou. A agente de turismo enumerou as diferentes opções turísticas de Serra Negra que vai do turismo rural à gastronomia, passando pela arquitetura e as fontes de águas naturais.
Engajamento empresarial
Um dos desafios do segmento turístico, admitiram os entrevistados, é o engajamento dos empresários e da população local. Diversas razões dificultam a integração e maior participação dos empresários nas decisões sobre o setor de turismo. Entre elas, Ariel apontou a imposição de projetos pelos gestores públicos municipais sem uma consulta prévia à inciativa privada.
O empresário relatou que os convites para reuniões e até as propostas de cotização dos investimentos no turismo são feitos às pressas, na última hora.
Isso já ocorreu com as programações e decorações de Natal, entre outros eventos. “A própria formação do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) veio de dentro do setor público, sem consulta à iniciativa privada”, afirmou.
Outra dificuldade apontada foi a baixa representatividade das entidades empresariais. “A Associação Comércio Forte me parece bem intencionada, mas o movimento iniciado pelos empresários parece ter enfraquecido, talvez por conta da pandemia”, observou.
A ideia encaminhada pelo Comtur à prefeitura de transformar o Grande Hotel Serra Negra em hotel-escola foi muito bem recebida pelos participantes do debate. A ressalva, no entanto, é para que não seja apenas uma instituição destinada a formar mão de obra para o turismo.
“Sonho com hotel-escola há muito tempo”, disse Luciana. “Mas tem de ser algo bem pensado, que beneficie o social e faça parte de um projeto que inclua o cidadão e não esteja focado apenas no turismo, afinal nenhum turista é bem tratado em cidades em que as coisas só acontecem para os turistas e a população fica em segundo plano”, salientou.
Marcio destacou que o hote- escola tem de formar o cidadão e para isso tem de ensinar história, cultura e contextualizar os jovens, além de oferecer a eles oportunidades de intercâmbio e viagens.
A íntegra do programa está no vídeo abaixo:
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Comentários
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Bom debate,mas acho que o problema de Serra Negra com o turismo, é o mesmo que acontece com outras prefeituras,estados e até nacionalmente,falta de profissionais de turismo como secretários de turismo, enquanto usarmos órgãos e secretarias para acomodar,partidários ou parentes,a nossa imensa realidade turística,vai ficar relegada,a terceiras preocupações.
ResponderExcluirPerfeito seu comentário!!!
ExcluirDe fato este é o maior problema, e como bem disse, é nacionalmente, e não só em pequenos municípios.
Infelizmente geralmente quem ocupa estes cargos não tem formação acadêmica e nem técnica naarea de turismo, não tem formação nem em gestão pública. É muito raro mesmo. Por isso perece nas mãos de quem apenas é indicado por favores políticos. E quem perde é a população, o município.
Boa tarde! Ótimo debate,mas além de tudo que foi discutido,não sei se o caso de Serra Negra,mas na maioria de secretarias municipais,estaduais ou federal ,não existem profissionais de turismo,como Serra Negra, tem-se no Brasil um grande potencial para o turismo
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