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Fernando Pesciotta
Enquanto vê sua popularidade crescer, conforme pesquisa Datafolha, e aprofunda os laços com o Centrão, Jair Bolsonaro passa a correr maior risco com a decisão do ministro Felix Fischer, do STJ, de mandar Fabrício Queiroz de volta à prisão. O ex-assessor da família Bolsonaro cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro e nesta sexta-feira, 14 de agosto, deve voltar à cadeia.
A medida de Fischer, que significa a quebra da liminar concedida pelo presidente do STJ, vale também para a mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, que já foi considerada foragida. Considerada mais frágil, Márcia já deu sinais de desespero com a situação vivida desde o mandado de prisão. Se há preocupação de assessores do Planalto com o risco de uma delação premiada de Queiroz, em relação a Márcia essa tensão é ainda maior.
Denúncias desse caso das rachadinhas e outros negócios suspeitos da família Bolsonaro surgem todos os dias.
Em depoimento ao MP, o empresário que vendeu a franquia da loja de chocolates para Flávio disse que a loja fraudava notas fiscais e vendia itens por preços inferiores aos registrados oficialmente. Trata-se de uma operação típica de lavagem de dinheiro. O empresário afirmou, ainda, que sofreu ameaças pela revelação da fraude.
Segundo o Estadão, ex-assessores de Flávio Bolsonaro investigados pelo Ministério Público do Rio sacaram, em dinheiro vivo, pelo menos R$ 7,2 milhões. Este valor corresponde a 60% do que os servidores receberam dos cofres públicos.
A imprensa e as redes sociais ainda exploraram a declaração de Flávio Bolsonaro, feita em depoimento, quando disse não se lembrar do pagamento de R$ 638 mil em dinheiro na compra de um apartamento, como revelado pelo Ministério Público.
Pesquisa
De acordo com o Datafolha, Bolsonaro está com a melhor avaliação desde o início de seu mandato, embora ainda tenha rejeição de 34%.
Depois da prisão de Queiroz, Bolsonaro moderou as declarações contra adversários, parou de se alinhar com seus apoiadores radicais e firmou pacto com o Centrão. O novo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, disse que agora Bolsonaro está fazendo a boa política.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, porém, enxerga outro motivo para a aprovação do presidente: o pagamento do auxílio emergencial.
Mais imposto
Um dia depois de fazer uma declaração de apoio à agenda liberal do ministro Paulo Guedes e de respeito ao teto de gastos, Bolsonaro usou sua live semanal para cogitar discutir os limites de uso de recursos do Tesouro. "A ideia de furar teto existe, o pessoal debate, qual o problema?", disse Bolsonaro.
O ministro da Economia reforça o discurso de respeito ao teto, mas já sinaliza a possibilidade de reservar R$ 5 bilhões do Orçamento para investimentos. Para tanto, tenta se garantir com mais recursos. O novo “imposto digital” vai incidir sobre transações financeiras, conforme será proposto pelo governo, e incluirá saques em dinheiro. Assim, poderá ter uma abrangência ainda maior do que a antiga CPMF.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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