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Fernando Pesciotta
Antes mesmo de ser indicado chanceler alemão, em 1933, com apoio da elite econômica do país, Adolf Hitler já contava com adoradores que constituíram uma espécie de milícia. Os paramilitares nazistas chamados de Freikorps agiam deliberadamente contra comunistas, judeus e todos aqueles que não fossem arianos. A partir de 1933, medo e ódio viraram política de Estado, dando origem à SS e à Gestapo.
Muito antes de tomar posse, Jair Bolsonaro discursava em favor do ódio, da violência e da perseguição a minorias. Com um fuzil em punho, ele explicitou seu desejo de “fuzilar a petezada”. Manteve o discurso depois de eleito e defende a proliferação de armas. Seu governo tem sido marcado pela perseguição a negros, índios e à comunidade LGBT+.
Agora mesmo, Bolsonaro está sendo denunciado na Corte Internacional por genocídio, coincidentemente um termo criado para definir o que foi a atuação de Hitler antes e durante a Guerra.
A cada dia surgem novas evidências do funcionamento do chamado gabinete do ódio em Brasília. Essa estrutura montada por Bolsonaro visa perseguir adversários nas redes sociais e plantar fake news para fazer valer sua perspectiva de poder. Mantém, com recursos públicos, uma estrutura que o levou a ganhar a eleição.
O gabinete do ódio funciona na sede do governo, o Palácio do Planalto, a metros da sala do presidente, conforme denúncia reforçada neste domingo, 2 de agosto, pelo youtuber Felipe Neto – ele próprio, vítima dessa perseguição por ter se colocado como crítico de Bolsonaro.
Ainda no começo da gestão bolsonarista, o Brasil passou a reviver o macarthismo. Ministros orientam alunos a gravarem professores que ousem ensinar história citando a ditadura militar. O ministro da Justiça criou uma lista de inimigos que são monitorados. O denuncismo virou política de Estado.
A seita bolsonarista segue à risca a orientação de perseguir inimigos, todos considerados comunistas, esquerdistas, petistas, embora ninguém saiba dizer ao certo o que é comunismo ou onde ele tenha se manifestado no Brasil. Mas se não houver inimigo a ser perseguido, o bolsonarismo deixa de fazer sentido, por não ser propositivo.
O autoritarismo, não raro, está vinculado à covardia. Hitler tinha uma montanha de seguranças e até provadores do que ele comia, por temer ser envenenado. Quando viu que o Exército Vermelho se aproximava de Berlim, onde estava escondido num bunker, Hitler se matou, com medo de encarar “face to face” seus inimigos. Um covarde.
Na campanha eleitoral, Bolsonaro se negou a participar de debates. Sabe-se agora, por revelações feitas por seus então aliados, que ele tinha medo e não tinha proposta. Sua covardia fez escola no governo. Abraham Weintraub, ao ser denunciado pelo STF, fugiu, com a ajuda do Itamaraty.
Alan dos Santos, integrante do gabinete do ódio, investigado, seguiu o mesmo caminho e também fugiu para o exterior. Os covardes adoram se esconder atrás do autoritarismo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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