//ANÁLISE// Bolsonaro propaga fake news sobre covid-19

         


Fernando Pesciotta


Teve ampla repercussão nas redes sociais a declaração de Jair Bolsonaro, segundo a qual a maioria das pessoas é imune à covid-19. O presidente disse basear-se em “um dos melhores estudos” sobre coronavírus, mas não citou nenhum.

Entretanto, especialistas asseguram que Bolsonaro está errado e propagou fake news. O UOL Confere, serviço de checagem de dados do maior portal brasileiro, deu argumentos a perfis que contestaram o presidente. Especialistas asseguram que a imunidade não foi atingida pela maioria da população.

Ao contrário, há motivos claros para se temer a doença. Pesquisa conduzida pela Escola Médica da Universidade Harvard, uma das mais conceituadas do mundo, concluiu que o potencial de disseminação do coronavírus pelas crianças foi largamente subestimado desde o começo da pandemia.

De acordo com o estudo, as crianças podem ser muito mais contagiosas do que adultos, inclusive aqueles em quadro severo da doença, ainda que apresentem apenas sintomas leves.

O viés político que a maioria dos gestores públicos adotou nessa pandemia tem contribuído para a desinformação e adoção de medidas que carecem de bom-senso. Se São Paulo adiou o retorno das aulas presenciais, no Rio de Janeiro os alunos da rede privada poderão retomar as atividades presenciais dia 14 de setembro. As escolas públicas, em 5 de outubro. A partir de hoje, cinemas, teatros, museus e centros culturais podem funcionar parcialmente.

Igual a Trump

Nos EUA, o ex-presidente Barak Obama não poupou críticas ao comportamento de Donald Trump à frente da pandemia e o responsabilizou pelas milhares de mortes de cidadãos norte-americanos.

No mais contundente discurso contra Trump desde de que deixou o governo, Obama disse que o presidente nunca "sentiu o peso do cargo" e não teve "nenhum interesse" em tratar a presidência como algo que não fosse um reality show. Lembrei de Bolsonaro.

Para Obama, seu sucessor não consegue ser melhor do que isso. A consequência, segundo ele, são "170 mil americanos mortos, milhões de empregos perdidos, nossos piores impulsos soltos, nossa orgulhosa reputação ao redor do mundo diminuída drasticamente e nossa democracia e nossas instituições ameaçadas como nunca antes". Lembrei de Bolsonaro novamente. Qualquer semelhança é mera igualdade.

Até a ata da última reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) inclui crítica ao combate à pandemia no Brasil. O documento registra que o real se desvalorizou ante o dólar em meio à "turbulência política" e a "crescentes" casos de covid-19 no País.

-------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

Comentários