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Salete Silva
A taxa de desemprego do país subiu de 12,6% para 12,9% entre janeiro e abril de 2020. Serra Negra perdeu no período cerca de 400 postos de trabalho. Esses números são dados de duas pesquisas sobre emprego e desemprego divulgadas esta semana.
Se for considerado que cada trabalhador de Serra Negra que perdeu seu emprego contribuía para a renda de uma família com quatro pessoas, aproximadamente 1.600 cidadãos serranos foram afetados pelo aumento do desemprego, ou seja, cerca de 5% da população do município.
Mesmo que autoridades econômicas e políticos tentem relativizar os dados negativos divulgados pelos estudos, há uma fartura de informações e números nesses levantamentos que revelam um mercado de trabalho fragilizado pelas políticas trabalhistas dos últimos anos e destroçado pela pandemia do novo coronavírus.
O Brasil perdeu no último trimestre, 7,8 milhões de postos de trabalho. Pela primeira vez, menos da metade da população acima de 15 anos e em idade de trabalho está ocupada.
O mercado de trabalho emprega 86 milhões de pessoas, ou seja, apenas 49,5% dos 167 milhões de brasileiros em idade produtiva. Esse é o nível mais baixo registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada desde 2012.
Por que esses dados não aparecem tão claramente na taxa geral de desemprego, que só recuou 0,3 ponto porcentual? A resposta é simples: a pesquisa só considera desempregadas as pessoas que estão procurando emprego.
Quem desistiu de procurar, mesmo sem ter um trabalho, não é considerado desempregado. Nessa situação estão 5,4 milhões de pessoas que não são computadas como desempregadas.
Entre outras razões, esses trabalhadores não saíram à procura de trabalho no pós-pandemia provavelmente por dois novos motivos: com medo de adquirir o covid-19 ou porque simplesmente não viram chances de encontrar um novo trabalho no meio da pandemia.
Muitos trabalhadores serranos devem se encontrar nessa situação e não aparecem nas pesquisas. É provável que tenham desistido de procurar uma vaga no comércio desde o início da quarentena quando as lojas e bares praticamente só funcionaram por meio de delivery.
Os dois principais setores empregadores do município, serviços e comércio, foram os que mais demitiram em maio no Brasil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O comércio fechou 88.739 postos de trabalho e o setor de serviços 143.479 em todo o país.
As lojas de Serra Negra reabriram em 1º de junho, mas voltaram a funcionar por apenas quatro horas diárias, uma semana depois, e voltam a fechar, a partir de segunda-feira, 6 de julho, quando a cidade retorna à fase vermelha, a primeira do Plano São Paulo adotado como estratégia de reabertura da economia pelo governo do Estado.
Os hotéis embora permaneçam abertos mesmo na fase vermelha, estão com sua capacidade de atendimento limitada o que é outro fator de desestímulo de procura de emprego.
Além dos hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes, salões de beleza e academia, importantes empregadores do município, integram o setor de serviços, o que mais demitiu, eliminando 143.479 vagas em maio no Brasil.
Nesse segmento pelo menos 9 milhões de trabalhadores atuam como Micro Empresário Individual (MEI) e os que não estão sem emprego ou com seus estabelecimentos fechados estão em péssimas condições de trabalho, como os motoristas de aplicativos, que esta semana fizeram paralisação por melhores condições de trabalho.
A agropecuária é o segmento em melhor situação. Em maio o setor agrícola contratou 15.993 trabalhadores no Brasil. Em Serra Negra, a cafeicultura fará contratações para a colheita que está em curso.
A região, com topografia montanhosa, ainda faz boa parte do trabalho manualmente. Os cafeicultores, no entanto, dependem de capital para investir na colheita.
A pandemia impactou no custo da produção com mudanças nos padrões de trabalho, como o uso de equipamentos de segurança individual e dos cuidados redobrados agora no início da colheita quando a pandemia chega com mais força à região.
Diante desse cenário de precariedade do mercado de trabalho, em vez de acenar com uma política para criar empregos formais e com melhor remuneração dos trabalhadores, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender, na quinta-feira, 2 de julho, a chamada carteira de trabalho verde e amarela, sem Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e previdência social, e que deve piorar ainda mais as condições de emprego e renda do trabalhador.
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