//NEGÓCIOS// A badalada Rua Oscar Freire não escapou da crise


Fátima Fernandes 

Mais uma crise enfrentada pelo comércio expõe redes ou lojas menores sem fôlego financeiro para ficar em pé.

Em uma área famosa do comércio de São Paulo, que compreende a Rua Oscar Freire e arredores, o comércio abriu e já é possível ver a volta dos tapumes.

Coincidência ou não, durante a pandemia, a loja que leva o nome do estilista Tufi Duek  e outra da marca Triton fecharam as portas na Rua Oscar Freire.

Na Alameda Lorena, também fechou uma loja da TNG, uma da Barbearia e a Camargo (alfaiataria). Na Rua Augusta, várias lojas sumiram nesta pandemia, como a da Kalunga.

A informação é de corretores da região, que estão negociando esses e outras dezenas de pontos vazios com potenciais novos clientes.

De acordo com eles, a pandemia acirrou o movimento de fechamento de lojas. Assim que foi anunciada a quarentena e o isolamento social, o mercado imobiliário parou.

Há cerca de um mês, porém, a procura por imóveis na região voltou.

“Aumentou, sim, a demanda por pontos na rua”, afirma Adriano Gomes, proprietário de imobiliária nos Jardins.

Muitos proprietários de imóveis, diz ele, estão reduzindo os preços dos aluguéis para não perder o cliente.

Uma das propostas é a seguinte: 50% de desconto nos valores até o fim deste ano, 20% de desconto no ano que vem e a volta do preço cheio em 2022.

Tem proprietário que já optou por dar um mês de carência no aluguel e não conceder descontos.  Outro que acertou 10% de desconto no primeiro ano e um mês de carência.

“Tem proprietário que vive do aluguel e tem aquele que tem imóvel para renda. Por isso, a negociação que está ocorrendo na região é muito diferente uma da outra.”

O que dá para afirmar neste momento, de acordo com Gomes, é que a procura por pontos está retomando e que os preços dos aluguéis devem voltar para um valor “mais real”.

Recentemente, ele mostrou para dois clientes uma loja de 200 metros quadrados na Rua Bela Cintra, com aluguel de R$ 20 mil mensais.

Os dois encaminharam documentação e um deles ficou com a loja.

“Os preços estavam alavancados demais e muito variados. Uma loja do mesmo tamanho podia ter aluguel de R$ 25 mil, R$ 35 mil e R$ 45 mil por mês”, afirma.

A situação dos preços da região é diferente da dos shoppings, diz ele, que têm política de preços mais uniforme.

“O caso de âncoras pode ser até diferente, se o shopping tem interesse na marca. Aí ele cobra menos por metro quadrado”, diz.

Os shoppings também terão de ser mais flexíveis nas negociações, na avaliação de Gomes.

“Melhor manter a clientela que é boa pagadora do que arriscar com um novo inquilino e ver a inadimplência subir lá na frente.”

A boa notícia, diz ele, é que, apesar de ter loja saindo da região, também tem um movimento de loja entrando.

De fato, duas marcas devem estrear na região da Rua Oscar Freire em breve: a Intimissimi, grife italiana de lingeries, e a Granado, marca de produtos para corpo e banho.

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Fátima Fernandes é jornalista especializada em economia, negócios e varejo e editora do site Varejo em Dia

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