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Vania Machado trabalha há 25 anos como restauradora: "É uma paixão" |
Vania Machado mora em Serra Negra há cerca de cinco anos. "A família da minha mãe é de Campinas, vínhamos muito para cá passar férias, é uma cidade pitoresca, agradável", diz. E ao vir para a cidade, ela trouxe uma paixão - e um ofício pouco conhecido no Brasil e que exige não só conhecimento técnico, mas muita concentração e paciência.
Vania é restauradora. Trabalha essencialmente com suporte em papel - livros, documentos, fotos - e agora também com imagens sacras.
"Comecei como encadernadora, por curiosidade pois gosto muito de ler", explica. "Depois fui vendo os problemas que apareciam nos livros e tive que responder a esses problemas", continua. "Não podia encadernar um livro que tivesse folhas rasgadas, ou livros com encadernação de época – ou seja, antigos – , mas com algum dano que comprometesse sua função, pois era necessário conservar essas capas originais, consertar as páginas."
Para resolver esse problema, foi em busca de cursos. "Em São Paulo tinha o do Senai, curso técnico, hoje já tem curso superior, mas na época só havia esse ou fora do país."
De lá para cá, já se vão 25 anos dedicados à arte da restauração.
"Restaurar é mais que um dom, não tem nada a ver com artesanato e nem com arte, é técnica, puramente técnica, e conhecimento do material que se trabalha", diz. "Ou seja, recuperamos o suporte sem alterar sua originalidade. Por isso há técnicas específicas."
Vania confessa que tem paixão por restaurar livros, "mas principalmente documentos e fotos antigas, aquelas coloridas à mão, porque isso tem uma carga afetiva grande, além do valor documental".
Este Menino Jesus é um exemplo do trabalho de restauração de Vania: o braço mais curto, fruto de alguma intervenção anterior, foi removido e em seu lugar colocado um outro mais proporcional |
Esse amor pelo papel não a impede, porém, de adorar o trabalho com imagens, "porque além do valor artístico tem o valor devocional e é um suporte diferente, outra técnica".
Ela conta que em geral as pessoas nem sabem que o trabalho de restauração existe. Elas vão antes aos artesãos ou ao parente 'jeitoso' até descobrirem que há profissionais que fazem esse trabalho. "É gratificante devolver em ordem, arrumada, a obra que chega toda estragada", afirma.
Vania explica que não é possível estimar o tempo que demora uma restauração. "Depende da extensão e grau do problema, pode ser coisa simples, de uma semana, um mês, ou mais", diz. "E depende do volume de obras: o trabalho mais longo que fiz foram dois anos, um acervo bem danificado e com muitas obras."
Explica também que para avaliar o custo de um serviço de restauração é necessário levar em conta o tipo de problema, sua extensão, o valor da obra, o material que será usado... "São muitos fatores que influem", resume.
Livros com a capa solta são os trabalhos que mais aparecem. "Não considero restauro, pois pode ser caso de simples encadernação, depende do estado", afirma. As imagens geralmente chegam a ela com cabeça ou mão quebradas ou mal coladas.
Vania perdeu a conta de quantos trabalhos de restauração já fez. "Tenho uns dois álbuns completos de fotos, pois sempre faço registro escrito e fotográfico do trabalho", afirma.
A maioria de seus clientes ainda é de São Paulo. Poucos serranos a procuram, "por ser um trabalho ainda pouco divulgado". E o público é variado: particulares, bibliotecas e empresas que querem conservar acervos de sua história.
Um outro projeto de Vania, montar um sebo de livros, foi prejudicado pela pandemia do covid-19.
"Sempre foi um sonho ter uma livraria, um sebo, pois gosto de livros antigos e visito muito os de São Paulo, onde se encontram coisas maravilhosas, mas o projeto deu uma parada por conta do isolamento, então estamos só com a página no Facebook, recém-criada, de livros usados e antiguidades que aparecem", diz. "As vendas têm sido quase só por internet, envio os produtos por correio, e para o público local uso o sistema de retirada em casa ou entrega domicílio."
Embora a restauração seja para Vania mais que um trabalho, ela sabe que há limites nele. "Nem sempre fazemos o que queremos, mas o que podemos, vamos até onde podemos pois a obra nos impõe limites", diz. "E sempre fazemos o que é melhor para a obra, pois o importante é não destruir a sua identidade, não podemos enfeitar, por assim dizer, e apenas garantir que a obra continue a ter a sua função - por exemplo, um livro com a capa caindo compromete a função da leitura e então devemos apenas recuperar a capa e permitir que ele continue a ser lido sem perigo de perda de folhas."
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Comentários
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Vânia, seu (importante) trabalho sendo reconhecido é bom demais! Fico feliz por vc ! Bjs
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