//CRÔNICA// Queremos trabalhar, queremos viver


Carlos Motta

Empresários de todos os cantos têm repetido uma frase que resume a tragédia brasileira: "Queremos trabalhar, não aguentamos mais ficar sem trabalhar."

Mas o que significa isso?

Por um lado, que estão passando - ou em via de passar - necessidade.

Por outro, que ninguém - neste caso específico o governo - os tem ajudado.

Correto?

Sei não...

Necessidade, vamos dizer claramente, 99% do povo brasileiro está passando, uns mais, outros menos, 

Quem está desempregado, por exemplo, certamente está mais desesperado que um pequeno, médio ou grande empresário, que se supõe, tem mais recursos - não digo apenas financeiro - para superar a crise.

E mesmo quem está empregado deve estar sofrendo mais que o seu patrão.

Já quanto ao pedido de socorro financeiro que não chega aos empresários... 

Bem, neste caso, a culpa é única e exclusivamente deles, que fizeram todo o possível para que o país fosse governado por gente que odeia ajudar quem quer que seja. 

Afinal, não é esse o credo do tal "Estado mínimo"?

O que esperavam quando elegeram para o Legislativo e o Executivo pessoas como o atual presidente?

No parágrafo inicial deste artiguete escrevi que a frase "vamos trabalhar" resumia a tragédia brasileira.

Isso porque ela expressa a dicotomia que aflige a sociedade: o que é mais importante, preservar vidas ou a atividade econômica?

Afinal, "vamos trabalhar" implica mais riscos à saúde pública, com mais gente circulando e mais contatos entre pessoas.

O vírus agradece.

Mas também, "vamos trabalhar" pode significar o sopro a mais que faltava para uma família não se desfazer na miséria.

O que fazer, então?

Muitas pessoas sábias e outras nem tanto propõem as mais variadas soluções - e essa algaravia não leva a nada.

A solução para o dilema é o país ter um comando racional, que não despreze a lógica e a ciência e que esteja realmente comprometido em combater esse inimigo insidioso e mortal, que compreenda que este é um momento crucial na história da humanidade e que outras questões, menores, têm de ser deixadas de lado. 

A solução passa por um grande pacto nacional formado com base numa plataforma mínima de ações para salvar o país.

E exclua esses que têm ignorado as mortes de dezenas de milhares de brasileiros e impedido que milhões trabalhem, por negar a eles condições para que mantenham seus negócios.

P.S. : Tudo que escrevi se aplica no âmbito local. A Prefeitura de Serra Negra não pode se comportar como biruta de aeroporto, mudando de opinião a cada vento que sopra, irritando e angustiando a todos com o abre-fecha interminável com que tem se comportado nesta pandemia. 

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