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Fernando Pesciotta
Virou motivo de chacota nas redes sociais a reação de grupos bolsonaristas a todas as críticas feitas ao presidente. Assim como sempre fizeram com os tradicionais adversários considerados de esquerda, Luiz Henrique Mandetta e até Sérgio Moro foram chamados de comunistas.
Chegou a vez do Facebook, que tirou do ar 73 contas da família Bolsonaro, assessores e políticos do PSL. O agravante dessa história é que a ação da empresa de rede social tangibiliza a existência do chamado gabinete do ódio, montado dentro do Palácio do Planalto.
O caso é mais grave do que parecia à primeira vista. Fica comprovado, segundo o Facebook, que uma instalação pública abrigava ações ilegais, que dinheiro do contribuinte serviu para financiar uma organização criminosa. Ou há utilização de dinheiro de empresários mal intencionados, de forma escusa e ilegal, por não ser declarado.
Ficam evidenciadas as razões pelas quais Jair Bolsonaro se declarou publicamente contrário à lei das fake news. Já se sabia que ele mentiu ou distorceu informação 1.355 vezes desde que assumiu o poder, segundo contabilidade da agência Aos Fatos.
Agora se confirma a denúncia de que seu governo atua para distorcer informação levada ao público, financia um grupo de terrorismo virtual. Mais uma razão para duvidar de tudo o que Bolsonaro diz.
Tudo bem que o Facebook faz o que faz porque tem lá seus interesses econômicos. Enquanto lhe interessou, não tomou nenhuma atitude contra ações ilícitas ou pelo menos antiéticas, nunca teve compromisso com a verdade. Agora, porém, se vê ameaçado pelo anunciado boicote de grandes anunciantes e resolveu agir. Virou comunista.
Mortal
A irresponsabilidade do governo Bolsonaro na gestão da crise do coronavírus pode custar muito caro ao Brasil. O País corre o risco de ter a pior consequência da pandemia em todo o mundo. O alerta está sendo feito nesta quinta-feira, 9 de julho, em reportagem do G1.
De acordo com dados e análises de bancos e consultores, o descontrole do coronavírus se junta à piora fiscal na possibilidade de empurrar a economia brasileira para a depressão. Reabrir a economia sem nunca ter fechado prolonga a crise de saúde pública e pode resultar num desastre econômico sem precedentes.
Ao que tudo indica, pressionados por um governo central que sempre desdenhou da doença, pela proximidade das eleições municipais e por empresários de visão curta, prefeitos e governadores entregaram os pontos. A permissão para a retomada das atividades como se nada estivesse acontecendo vai elevar o número de mortes e poderá fazer do Brasil o maior cemitério de vítimas do coronavírus do mundo. Desse jeito, a imunidade não virá com a vacina, mas pelos 1 milhão de mortos. Não há humanidade nem economia que suporte isso sem graves consequências.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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