//ANÁLISE// O Brasil de Queiroz acaba em pizza


Fernando Pesciotta

Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde a tarde desta quinta-feira, 9 de julho, é a decisão judicial que transfere Fabrício Queiroz para a prisão domiciliar. Até sua mulher, foragida da Justiça, foi beneficiada pela medida monocrática.

Nesta sexta-feira, 10 de julho, São Paulo comemora o Dia da Pizza, e o presidente do STF, João Otávio de Noronha, resolveu antecipar a efeméride. Foi dele a autorização para Queiroz ir para casa, embora ninguém saiba exatamente onde é a casa de Queiroz.

A justificativa do ministro é a doença do ex-assessor de Jair Bolsonaro. Por isso sua mulher também pode voltar, se é que algum dia foi, para cuidar do maridão.

Ninguém entendeu muito bem a decisão de Noronha, agora ainda mais cotado para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal no final do ano. Conforme lembra a Folha, em abril Bolsonaro fez um discurso no qual disse que seu encontro com Noronha foi “amor à primeira vista”.

Para alguns juristas e, principalmente, para usuários das redes sociais, o gesto de Noronha pavimenta sua indicação ao STF e ratifica sinais de um acordão entre os Poderes e instituições para tentar pacificar o País. Bolsonaro parou de pregar contra o Judiciário, casou com o Centrão no Legislativo, seus apoiadores mais radicais foram amordaçados, o gabinete do ódio pode ter desmoronado, Queiroz vai para a casa e não se fala mais nisso. O que passou, passou, o que importa é bola pra frente. Pizza.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, juiz federal de carreira e profundo conhecedor dos preceitos constitucionais, lamentou a medidas de Noronha. “Aprecio decisões judiciais lastreadas em argumentos humanistas. Mas é deplorável que não haja igualdade perante a lei. Basta lembrar o absurdo tratamento a que o ex-presidente Lula foi submetido, até quando da morte de pessoas da família. E há milhares de exemplo”, postou no Twitter. Ainda segundo Dino, há “seletividade e politização” no Judiciário.

O problema é que se alguém de fato fez um acordo com Bolsonaro para tudo acabar em pizza, esse alguém corre sério risco. É do seu DNA, assim como a história do escorpião. O presidente já deu diversos exemplos de que não é confiável e preza a mentira. Na sua "live" desta quinta-feira, se disse vítima de perseguição pelo desmantelamento do gabinete do ódio. Tenta dissimular, o que só confirma que a pizza está servida.

Prisão

Por falar em dissimulação, dois integrantes do MBL foram presos em São Paulo nesta manhã. Eles são acusados pelo Ministério Público de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. As movimentações suspeitas giram em torno de R$ 400 milhões.

Toda essa pizza montada no Brasil desde 2014 tem grande participação do MBL, que ajudou no golpe contra Dilma Rousseff e na eleição de Bolsonaro com o discurso de moralidade e contra a corrupção. Então, tá.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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