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Fernando Pesciotta
Circula em grupos de WhatsApp um longo texto aparentemente produzido pela equipe de comunicação do governo de Jair Bolsonaro reforçando o discurso do presidente sobre a pandemia. Ele se coloca como vítima de decisões do STF e considera que tinha razão quando defendeu a continuação da vida normal. A mensagem, porém, não fala em morrer quem tiver de morrer.
Na imprensa, o destaque nesta terça-feira, 14 de julho, é a reação dos militares à manifestação do ministro Gilmar Mendes, do STF, em dura crítica aos fardados por se “associarem” ao “genocídio” provocado pelo governo na gestão da pandemia. Ele disse ser inaceitável o “vazio” no Ministério da Saúde neste momento tão delicado. A pasta está interinamente sob o comando de um general da ativa.
Segundo alguns analistas, a exemplo do que publica o Valor, o posicionamento de Mendes visa se antecipar à estratégia bolsonarista. Conforme o texto de Maria Cristina Fernandes, o ministro quer colocar uma barreira na tentativa de Bolsonaro de responsabilizar o Judiciário, governadores e prefeitos pela calamidade do coronavírus.
De fato, na mensagem que corre no WhatsApp, o “vírus chinês tem por objetivo eliminar concorrentes no mercado global”. Afirma que a miséria que ele trouxe ao Brasil é culpa dos governadores, dos prefeitos e do STF. A mensagem é concluída com letras em maiúsculas: “O mundo descobriu que Bolsonaro tinha razão”, e o slogan do governo. Todos os chavões bolsonaristas são incluídos na mensagem.
De acordo com a Folha, as críticas do ministro são mais um capítulo de uma crise política que acompanha o coronavírus no Brasil. A cúpula militar reagiu à manifestação de Gilmar Mendes com a emissão de duas notas também consideradas duras. Para alguns, corporativas.
O assunto é um dos mais comentados nas redes sociais desde a tarde de segunda-feira. Só no Twitter, são quase 170 mil posts até o começo da manhã desta terça-feira. De forma geral, há um certo apoio ao ministro. “Se os militares não querem o ônus das críticas, que saiam do governo”, postou o jornalista Fábio Pannunzio.
Efeito econômico
A discussão pode ser mais um sinal das dificuldades da recuperação econômica. Independentemente da gestão sanitária da crise, medidas do governo para atenuar o impacto econômico não saíram do papel, aponta a imprensa. O socorro financeiro propagado por Bolsonaro, pelo ministro Paulo Guedes e a Febraban não chegou. Com isso, segundo o Estadão, o número de falências cresceu 71% em junho, na comparação com igual período de 2019, atingindo principalmente pequenas e microempresas.
Um grupo de 80 milionários dos EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, Canadá e Holanda divulgou uma carta pública na qual pedem para pagar mais impostos de forma a contribuir no combate à crise do coronavírus. De acordo com esses milionários, a crise pode durar “décadas”. Não há registro de brasileiros assinando a missiva.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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