//POLÍTICA// Câmara faz sessão remota, mas a próxima voltará a ser presencial

Sessão remota de segunda-feira, 8 de junho, foi a primeira da história da Câmara Municipal de Serra Negra

A Câmara Municipal de Serra Negra realizou segunda-feira, 8 de junho, a primeira sessão remota de sua história. Os vereadores decidiram pelo uso da tecnologia que possibilita a reunião via internet depois que o presidente da Câmara, Wagner Del Bueno, o Waguinho do Hospital, contraiu a covid-19. Ele se encontra em isolamento social.

Por recomendação de médicos, os vereadores resolveram ficar à distância um do outro por pelo menos 14 dias, iniciados em 1º de junho, quando tiveram o último contato com o presidente da Câmara, que está funcionando a portas fechadas. O vereador Eduardo Barbosa assumiu interinamente a presidência da Casa.

O distanciamento social e a sessão remota foram os temas que ocuparam a maior parte da discussão dos vereadores na segunda-feira. A polêmica que dividiu o país entre saúde e trabalho permeou a discussão.

O regimento da Câmara não permite a aprovação e o encaminhamento de indicações e requerimentos em sessões remotas. A maioria dos vereadores defendeu a alteração no regimento para autorizar as indicações e requerimentos, caso as sessões continuem remotas, ou voltar a realizar as sessões de forma presencial já a partir da próxima semana.

“Que seja alterado o regimento, se necessário, para que possamos votar os requerimentos e outras urgências, como a CEI (Comissão Especial de Inquérito) da Saúde”, sugeriu o vereador Roberto de Almeida.

Ele lembrou que em algumas semanas a Câmara entra em recesso e há na pauta votações importantes, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), essencial para definir as metas orçamentárias para 2020.

O vereador Renato Giachetto contrapôs com o argumento de que seria mais prudente a realização remota. “Não temos como fazer sessão presencial. Temos 11 famílias, além dos funcionários da Câmara para zelar”, afirmou.

Ele informou que em virtude de seu contato com o presidente da Câmara na semana anterior estava em isolamento social, sem exercer a advocacia presencialmente para não contaminar nem a família nem clientes. O vereador também manifestou especial preocupação com a mãe, a ex-vereadora Odila Giachetto, octogenária, do grupo de risco da doença.

“Estou me zelando e zelando o próximo”, disse. Diante da sugestão de realizar uma reunião presencial para discutir o assunto, o vereador adiantou que não participaria. “Se for reunião remota sim, mas presencial não estarei presente”, afirmou.

Giachetto informou que seguia orientação de médicos. “Estávamos numa sessão com uma pessoa com o vírus e não sei se alguém se contaminou”. Sua sugestão foi a de que depois de 14 dias, se ninguém apresentar sintomas, então, a sessão presencial seria retomada.

O vereador foi praticamente voz isolada na discussão. Para os demais, a realização da sessão presencial e o enfrentamento dos riscos de contaminação por covid-19 são inevitáveis na pandemia.  

Ricardo Fioravanti enfatizou a importância de realizar indicações e requerimentos. “Não podemos fazer só sessões extraordinárias porque outras atribuições da Casa não podem ficar paradas”, argumentou.

Paulo Giannini citou o estudo mais recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado nesta segunda-feira, segundo o qual assintomáticos não estão impulsionando a disseminação da covid-19.

“Precisamos trabalhar. A cidade teve um movimento razoável, o comerciante teve um certo fôlego para retomar as atividades, na qual me enquadro. Mas o mundo não pode parar”, afirmou.

O vereador Felipe Amadeu defendeu enfaticamente a sessão presencial. “Não tem cabimento fazer uma sessão à distância. O Pinheiro [Leandro, vereador] tem mercado, eu tenho mercado, Marquezini [Edson, vereador] tem empresa, todos têm trabalho e não estamos nos contaminando. Todos estão trabalhando normalmente, seria hipocrisia fazer trabalho à distância se todos estão trabalhando no seu negócio”, afirmou.

Leandro Pinheiro defendeu a sessão remota se o regimento fosse alterado para permitir indicações e requerimentos, caso contrário, na sua avaliação, o ideal seria a realização da próxima sessão na forma presencial.

Leo da Ambulância também defendeu a sessão presencial, argumentando que era trabalhador da linha de frente e que não pode parar.

Edson Marquezini lembrou que na próxima semana o prazo de 14 dias já terá se completado e quem não estiver infectado poderia participar da reunião presencial. “Somente quem não se infectou, comparece à reunião”, sugeriu.

Depois do término da sessão foi realizada uma reunião remota, sem exibição ao público, na qual os vereadores, segundo Leandro Pinheiro, decidiram por unanimidade realizar a próxima sessão, no dia 15 de junho, de forma presencial.

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