//OPINIÃO// Frente a frente com a covid-19

Salete Silva

Com 18 casos confirmados e nenhuma morte, Serra Negra parece ter dado por vitoriosa a batalha sanitária contra a covid-19, embora o pico de contaminação no município, com aumento de 200% dos casos na última semana, esteja apenas no começo.

O avanço da pandemia por aqui segue a tendência nacional de interiorização da covid-19. O Ministério da Saúde informou no domingo, 7 de junho, que foram confirmados nas últimas 24 horas 12.581 novos casos e 1.382 óbitos.

Mas os alertas de riscos sanitários vão perdendo força com a estratégia do governo federal de maquiar o número de mortos e manter o foco na batalha econômica, que ganhou a prioridade em São Paulo também do governo estadual e de prefeituras.

A queda da arrecadação de impostos registrada no primeiro quadrimestre pode explicar a flexibilização do isolamento social cada vez mais acelerada, mesmo com a curva de contaminação e mortes em alta, ao contrário do que estão fazendo países europeus.

A Prefeitura de Serra Negra viu sua arrecadação despencar mês a mês e fechar o primeiro quadrimestre de 2020 com R$ 3,5 milhões menos do que em igual período do ano passado.

Ao longo deste ano, a perda estimada de receita com repasses de impostos deverá ser de R$ 14 milhões.

 O município vai receber do governo federal R$ 3,2 milhões, pagos em quatro parcelas, por meio da Lei Complementar 173/2020.

Os R$ 3,2 milhões, no entanto, são para compensar parte dos R$ 14 milhões que deixarão de ser repassados em impostos a Serra Negra ao longo de 2020, o que, segundo o próprio secretário municipal de Planejamento, Roberto Siqueira, "não vai dar nem para o começo".

De olho nas receitas e sem perder de vista a austeridade fiscal e a Emenda Constitucional 95, que limita os gastos públicos, os governos mandaram os brasileiros de volta às ruas, ao trabalho e ao enfrentamento cara a cara com o vírus.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde esconde os cadáveres na tentativa de convencer que o perigo não é tão grande assim.