//EDUCAÇÃO// Professores criticam retorno às aulas presenciais em setembro


Salete Silva

Professores receberam com ceticismo e críticas o anúncio pelo governo do Estado do retorno às aulas presenciais, previsto para o dia 8 de setembro, com 35% da capacidade máxima de alunos nas escolas estaduais e da rede privada de Serra Negra.  

O retorno das aulas da rede municipal de ensino ainda não foi definido, informou a assessoria de imprensa da prefeitura ao Viva! Serra Negra. O Plano do governo do Estado prevê um sistema híbrido de ensino que combina aulas presenciais e online. 

"Esse plano de retomada está bem longe da realidade das escolas públicas, que em sua maioria, não tem condições de cumprir com os protocolos de maneira segura”, afirmou a professora de história do ensino fundamental II na rede estadual Erica Pilom Campos.

“As escolas estão sucateadas, falta de tudo, nem papel higiênico tem nos banheiros”, acrescentou. Para a professora, o plano não prevê medidas importantes, como contratações de novos profissionais e aumento de salário dos professores, que irão trabalhar de forma online e presencial.

“Além de causar aglomeração, as escolas são também espaços usados como ‘depósito de seres humanos’ uma vez que seus pais são mão de obra imprescindível à economia”, afirmou.

Para a professora é irresponsável a retomada das aulas sem vacina, testes em massa da população e sem considerar a infraestrutura precária das escolas públicas.

A decisão do governo do Estado de São Paulo de retomar as aulas, na sua avaliação, é apenas de cunho econômico uma vez que a intenção, na sua opinião, é que as escolas sejam reabertas para que os pais que precisam retornar ao trabalho tenham onde deixar os filhos.

Para a professora de inglês e do ensino fundamental da rede privada Daniela Moutran Diab, a decisão do retorno das aulas em setembro, proposto pelo governo do Estado, provavelmente terá de ser revista ao fim de julho, início de agosto.

 “Não sabemos como estarão as cidades em relação ao número de casos de covid-19. Caso a medida de retorno às aulas persista, vamos nos unir, cada um com a sua equipe de trabalho e criar meios viáveis de receber os alunos na escola”, afirmou Daniela.

As escolas, ela avalia, talvez tenham de reduzir o número de alunos por sala ou mudar os espaços físicos para que não haja contato próximo.

“Teremos que nos reeducar quanto ao contato físico, e ensinar nossos alunos que existem outras formas de demonstrar afeto e assim, aos poucos, buscar a melhor forma de reaproximação. Preocupação eu tenho, mas não temos outra saída a não ser esperar mais um tempo”, afirmou.

A pandemia, Daniela analisa, trouxe uma oportunidade de mudança de paradigmas e valores, inclusive na educação. “O velho formato precisa deixar de existir, não só por motivos estruturais, mas também por razões de aprendizagem”, considera.

Os alunos não aceitarão mais, segundo ela, somente a lousa e as carteiras, uma vez que, no ensino remoto, os professores tiveram se reinventar, trazendo para a "sala de aula" recursos antes pouco usados.

Plano de retorno

O plano do governo de São Paulo, válido para as escolas públicas e privadas, prevê um rodízio entre os alunos e a combinação do sistema presencial e o ensino remoto.

As medidas valem para a educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior.

A reabertura está prevista para 8 de setembro, mas a data dependerá da permanência de todas as cidades do estado na fase amarela (fase 3) do plano de flexibilização da economia, o Plano São Paulo, por pelo menos 28 dias.

Todo o Estado, segundo o plano de retomada das aulas, retornará às aulas presenciais no mesmo dia. Na fase amarela de reabertura da economia, há liberação do funcionamento de shopping centers, bares, restaurantes e comércio com restrições.

A confirmação da reabertura das escolas nessa data, no entanto, dependerá da permanência de todas as cidades do Estado na fase amarela (fase 3) do plano de flexibilização da economia, o chamado Plano São Paulo, por pelo menos 28 dias.

O retorno será feito em três etapas e com até 35% dos alunos presenciais, enquanto o restante acompanha nas plataformas digitais. Etapa 1 - a partir de 8 de setembro – com 35% dos alunos de forma presencial; Etapa 2 - ainda sem data definida com até 70% dos alunos; Etapa 3 - sem data definida – com até 100% dos alunos.

As escolas terão de cumprir uma série de medidas para evitar o contágio entre alunos e funcionários, entre as quais distanciamento obrigatório de 1,5 metro entre as pessoas; uso de máscaras; horários de entrada e saída dos alunos para evitar aglomerações; intervalos e recreios em horários alternados, com revezamento de turmas.

As atividades de educação física podem ser realizadas se observado o cumprimento do distanciamento de 1,5 metro, preferencialmente ao ar livre. Fica proibida a realização de feiras, palestras, seminários, competições esportivas e assembleias. O uso de bebedouros compartilhados também será proibido.

Comentários