//COMÉRCIO// Vendas do Lojão do Brás já são de 80% do valor da pré-pandemia


Fátima Fernandes 

Quem costuma fazer compra no Brás, na região central de São Paulo, conhece, provavelmente, uma loja bem no Largo da Concórdia que leva o nome do bairro – o Lojão do Brás.

Em um prédio de cerca de 4 mil metros quadrados, o Lojão, que vende de roupas para toda a família até artigos para cama, mesa e banho, parece até um shopping center.

Não é por acaso, que a loja é considerada um termômetro de vendas, pelo menos ali da região. Mesmo nas várias crises que o Brasil já enfrentou era difícil ver a loja vazia.

Com a pandemia inédita que o mundo vive, o Lojão do Brás, assim como todo o comércio brasileiro, ficou vazio durante quase três meses.

A expectativa da família Bessa, uma das sócias do Lojão do Brás, rede com 18 lojas na Grande São Paulo e Interior, era igual ao de outros empresários do setor.

Como será que vai ser o comportamento do consumidor após a reabertura das lojas?

Andréia Bessa, diretora de marketing da empresa, tem uma boa notícia. Diz que o fluxo financeiro da loja do Largo da Concórdia já atingiu 80% do valor registrado antes da pandemia.

“O movimento está bom”, afirma. O fluxo de pessoas na loja, no entanto, ainda não chegou a ser o mesmo. Tanto que a loja nem precisou limitar a entrada de clientes.

“Não precisamos restringir a entrada de pessoas. Antes, muitos clientes iam para a loja com a família. Agora, provavelmente, estão indo sozinhos”, diz.

Em algumas lojas do interior, sim, algumas filas foram formadas na porta de entrada para evitar a aglomeração de pessoas.

As lojas estão abrindo com horário restrito em São Paulo e no interior, atendendo os protocolos exigidos pelo governo, diz ela.

Provadores e bebedouros, por exemplo, não podem ser utilizados.

As 18 lojas da rede empregam cerca de mil funcionários e até agora, de acordo com Andréia, não houve demissões.

Durante o período em que as lojas ficaram fechadas, a empresa utilizou o subsídio do governo para complementar os salários dos empregados.

A rede teve fôlego para suportar o período de quase três meses sem vendas.

E um dos motivos, diz ela, é o fato de a família ser dona dos imóveis onde estão instaladas as lojas.

Os shoppings de atacado do Brás, de acordo com ela, já vivem uma situação diferente. “As lojas estão registrando de 20% a 40% do movimento de antes da pandemia.”

Isso significa que os consumidores estão evitando os ambientes mais fechados e se sentindo mais seguros para fazer compras em lojas de rua.

Apesar de o faturamento da loja do Brás estar próximo ao que era antes da pandemia, Andréia diz que, ainda, não dá para fazer previsão de vendas para o ano.

Se o comércio voltar a fechar por conta do aumento de casos e mortes de covid-19, o faturamento volta a ficar zerado e a retomada volta a ser uma incógnita.

A lição que fica com esta parada nos negócios, de acordo com Andréia, é que o processo de digitalização das lojas só tende a expandir.

O Lojão do Brás, por enquanto, vende por WhatsApp, mas tem estudos para entrar no e-commerce. Existe um projeto em discussão entre os sócios, mas sem data para lançamento.

“O varejo passa por um processo de digitalização, de integração maior entre os canais. Isso caminha a passos largos. Muitos lojistas fizeram nos últimos dois meses o que levariam cinco anos para fazer.”

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Fátima Fernandes é jornalista especializada em economia, negócios e varejo e editora do site Varejo em Dia

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