//ANÁLISE// Cresce o risco de mais perdas econômicas do Brasil


Fernando Pesciotta

Visto pelo mundo como mau exemplo no combate ao coronavírus, o Brasil vai pagar um preço muito alto pelo pouco caso que o governo de Jair Bolsonaro faz da pandemia.

Ainda nesta semana é possível que a Uefa, a entidade que congrega as federações de futebol da Europa, anuncie mudanças para a conclusão da Champions League, o mais badalado campeonato de clubes do mundo. Em vez de jogos de ida e volta, como sempre, neste ano excepcional as partidas finais serão todas numa única cidade, como a Copa do Mundo – a competição parou antes da conclusão das oitavas de final.

As especulações dão conta de que a cidade escolhida para sediar os jogos, atraindo as atenções do mundo, será Lisboa. Vai faturar alto com marketing e investimentos de patrocinadores. Lucro certo.

A capital portuguesa está supercotada por uma razão muito simples: Portugal projetou uma imagem absolutamente positiva no combate ao coronavírus. Foi duro no lockdown e está saindo da crise com segurança. Portugal se projeta para o mundo como exemplo positivo. Terá enormes vantagens econômicas por isso.

Por outro lado, o Brasil se sair da crise será muito mais tarde do que os outros e com grande prejuízo. A União Europeia intensifica nesta semana a reabertura de fronteiras, visando o turismo de verão como alavancador da retomada econômica. Mas quer ver os brasileiros longe de lá. Cidadãos oriundos do Brasil serão vetados no continente por muito tempo. O Japão também deve se abrir na virada do mês, e já anunciou que não quer cidadãos de alguns países e, claro, o Brasil lidera essa lista.

Ainda no exemplo do futebol, em julho a Copa Libertadores também pode voltar. Mas há o risco de os times brasileiros serem vetados. Sem dar garantias de controle do contágio, com quarentena meia-boca e um governo que se lixa para o problema, o Brasil não convence ninguém de que não é um tremendo risco para a saúde do cidadão de qualquer país, seja ele Portugal, França ou o Paraguai. Nem os EUA de Donald I Love You Trump nos querem por lá.

A irresponsabilidade de Bolsonaro dará enorme prejuízo à economia brasileira, e bem-feito para as empresas, que em nenhum momento pressionaram o governo para que fizesse diferente, que seguisse os bons exemplos de Portugal, Alemanha, Nova Zelândia e outros. Preferimos agir como Trump, mas logo até ele enxergou a estupidez e nos deixou com a brocha na mão.

Prisão

Depois de novos ataques ao STF no final de semana, e de insistir em ameaçar a segurança física de ministros da Corte, Sara Winter foi presa na manhã desta segunda-feira, 15. Ela é vista como líder de um movimento chamado Brasil 300. Sara anda armada e defende a constituição de uma milícia em defesa de teses estranhas como o fechamento do STF e do Congresso.

O ministro (?) da Educação, Abraham Weintraub, também corre riscos. Ele participou no domingo de manifestações antidemocráticas, voltou a atacar o STF e chamou os ministros de “vagabundos”.

Ainda no fim de semana, Carlos Bolsonaro, apontado como chefe do “gabinete do ódio”, instalado no Palácio do Planalto, no mesmo andar da sala do presidente da República, chamou o ministro Gilmar Mendes de “bandido” e “doente mental”.

Esse estado de coisas que contam com o apoio e participação do governo também ajudam o País a acumular enorme prejuízo econômico. Até quando?

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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