//ANÁLISE// Agrava-se a percepção de vulnerabilidade do país


Fernando Pesciotta

A revelação do vídeo de parte da tal reunião ministerial de 22 de abril serviu para consolidar a pauta política na imprensa e nas redes sociais na semana. E ajuda a elevar a tendência de nova temporada de atenção aos bastidores de Brasília.

O cerco ao presidente Jair Bolsonaro continua, com expectativa em torno da reação do STF e do Congresso. Como salienta O Globo, parte da Procuradoria Geral da República considera que Bolsonaro cometeu crime quando mudou o comando da Polícia Federal. O presidente reage fazendo acusações contra o Supremo Tribunal Federal e o ministro Celso de Mello. Não se vê perspectiva de mudança nessa estratégia de conflito.

A percepção de crise política não sai da pauta, assim como a constatação de descaso da União com o combate ao coronavírus, ampliando riscos para a economia, os negócios e os investimentos.

A tendência, portanto, é de manutenção do desgaste da imagem brasileira em todo o mundo. O que já alertamos se confirma, e o que era notícia na imprensa internacional virou destaque na mídia local. A manchete do Estadão de segunda-feira observa que a má gestão da pandemia deteriora a imagem do país e afasta os investidores. Conforme a reportagem da correspondente em Washington, indefinição no combate ao coronavírus e dúvidas sobre a capacidade de aprovação de reformas estruturais preocupam os agentes do mercado.

Nesta  terça-feira (25 de maio), Bolsonaro disse que a imagem do Brasil é ruim porque a imprensa internacional é de esquerda.

Segundo a Folha, o real ganha status de moeda tóxica com aversão a riscos fiscal e político. É a moeda que mais se desvaloriza. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos anunciam a proibição de entrada de passageiros que tenham estado no Brasil.

O isolamento do país se acelera e pode piorar. Como o próprio ministro Paulo Guedes reconhece, relata o UOL, um possível vazamento do vídeo da mesma reunião ministerial do dia 22 de abril pode abrir nova frente de desgaste com a China. O que foi tornado público pelo STF suprime as manifestações dos ministros e do presidente sobre questões diplomáticas. O que se comentou em relação à China o Supremo considerou impublicável.

Recuperação

Cada vez mais o mundo admite que a gestão da pandemia tem de ser feita de olho na economia. Os países que radicalizaram o processo estão otimistas com a recuperação econômica. O Brasil, como se viu, está no lado oposto, mas ainda há tempo para uma reviravolta. Como mostrou a Folha neste domingo, teste em massa e isolamento só dos infectados salva vidas e incentiva a economia. O maior exemplo de sucesso dessa política é a Coréia do Sul.

O que Bolsonaro e seu governo ainda não entenderam é que rever sua "estratégia" de combate ao vírus pode ser a senha para amenizar a crise política e acenar ao mundo uma pacificação que reanime o capital global. Para as corporações, alinhar sua imagem ao governo com apoio à ideia de fim do isolamento social, por exemplo, pode ser um risco.

Agências

A crise do coronavírus acelerou o processo de fechamento de agências bancárias, revela a Folha. Com o fim de 194 com agências, muitas cidades ficaram sem atendimento bancário. Pelo visto, os bancos aproveitaram as atenções voltadas à pandemia para fazer passar essa boiada.

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

Comentários

  1. https://m.youtube.com/watch?feature=share&fbclid=IwAR1swnTBiWYGPjMagyTbbZagKupY5XwL4ye6Yo_AZft5jV_3GqBtnV1Biws&v=TjndWfgiRQQ

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