//SAÚDE// Lar dos Velhinhos muda a rotina para manter internos seguros


Carlos Motta

Os idosos, um dos grupos mais vulneráveis ao covid-19, cuja pandemia se tornou o maior desastre sanitário dos últimos 100 anos, têm de ser protegidos a qualquer custo neste momento. E é justamente isso o que vem fazendo o Lar dos Velhinhos São Francisco de Assis com os seus 51 moradores, que aceitaram sem problemas a súbita mudança de rotina da instituição e o endurecimento das regras de higiene pessoal.

"Nossa rotina mudou bastante", diz a presidenta do lar, Pici Dallari Guirelli. "Somos agora obrigados a limpar tudo constantemente com cloro e álcool. Além disso os moradores têm de lavar as mãos com sabonete cada vez que voltam para dentro do prédio, e eles também nos ajudam na limpeza das maçanetas, interruptores, corrimãos, e dos seus próprios quartos", diz ela.

Uma das principais mudanças no cotidiano dos moradores foi a proibição das visitas familiares, imposta até, segundo Pici, "a situação se acalmar". 


Pici: ajustes no orçamento
e renegociação de dívidas
"A maioria dos familiares entendeu o motivo dessa ordem", afirma Pici, que informa que pretende, nos próximos dias, dar um jeito para que os moradores se comuniquem com suas famílias por meio da internet. "Estou vendo a melhor maneira, se via Skype ou com algum aplicativo parecido, se é melhor mandar fotos deles ou mesmo transmitir algumas 'lives'. O importante é que eles mantenham esse conato."

Nenhum morador do Lar apresentou até o momento qualquer sintoma do covid-19. Duas funcionárias receberam licença médica por terem sintomas de gripe - ficaram 14 dias em casa e estão voltando a trabalhar. 

O lar foi visitado por fiscais da Vigilância Sanitária do município, que constataram que está tudo em ordem por lá. Os moradores passam por duas medições diárias de temperatura e tomam 15 minutos de sol por dia para manter adequados os níveis de vitamina D, essencial para o sistema imunológico do organismo.

Um sala de descanso foi transformada em refeitório, para que os moradores possam fazer as refeições mantendo a distância recomendada entre eles. Um quarto vago foi preparado para local de isolamento, se algum interno apresentar sintomas da covid-19.

O Lar recebeu doações de álcool gel da empresa Ypê, de Amparo, e da rede de lojas 1 a 99, além de álcool 70 graus de duas pessoas físicas. Pici informa que deve receber nos próximos dias doações de máscaras de pano. "Está muito difícil comprar as outras", diz.  Não há falta de gêneros alimentícios. 

Como, porém, a receita do Lar caiu bastante, já que o Brechó da Bastianeta está fechado, estão proibidos eventos públicos para ajudar no fluxo de caixa e as doações em dinheiro caíram bastante, Pici teve de fazer alguns ajustes no orçamento - "coisa pequena, mas que ajudou" - e renegociar o alongamento de prazo de dívidas com dois credores. "Deu tudo certo, com esses ajustes a gente está conseguindo respirar", afirma.

Pici tem seguido as recomendações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde e da Secretaria Estadual da Saúde, entre outras instituições da área, no que se refere aos cuidados neste período de isolamento social. E enviado periodicamente informações sobre as condições do Lar para o Ministério Público e prefeitura.

"Essas instituições têm interesse em nos monitorar, em monitorar a situação da pandemia. E a nos ajudar, também", diz Pici, que informa ter recebido, da Secretaria Estadual de Assistência Social, uma oferta de doação de leite para 60 dias.

"É claro que aceitei", diz. 

E é claro que o Lar, neste momento, precisa de outras doações.

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