//COMÉRCIO// Cliente da Casa Santa Luzia agora tem de entrar na fila


Fátima Fernandes

A rotina de um dos mais tradicionais supermercados da capital paulista, a Casa Santa Luzia, localizada no coração dos Jardins, mudou.

Fundada pela família Lopes, há 94 anos, a loja está acostumada a receber centenas de clientes diariamente e ver filas nos caixas, especialmente na hora do almoço e aos sábados.

Desde a última segunda-feira, as filas são do lado de fora, para entrar na loja.

No máximo cem pessoas podem circular, ao mesmo tempo, pela loja de 22 mil metros quadrados.

Essa foi uma das medidas adotadas pelos Lopes para evitar aglomeração e a proliferação do novo coronavírus, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O horário de funcionamento do supermercado também diminuiu. É das 9 horas às 19 oras. Antes era das 8 horas às 20h45.

Os 610 funcionários foram divididos em dois grupos, com horários de trabalho diferentes, que variam de seis a oito horas por dia.

Os empregados com mais de 60 anos (15 deles) foram afastados ou estão em férias.

Alguns setores foram desativados, como o balcão de cafés, o de montagem de cestas e o de encomendas para a rotisseria.



“Tivemos de restringir o número de clientes e alguns setores para poder atender as recomendações da OMS”, afirma Ana Maria Lopes, diretora da Casa Santa Luzia.

Novas medidas poderão ser adotadas pela loja, diz ela, dependendo das recomendações feitas por conta do avanço da doença.

Os funcionários passam por uma triagem todos os dias, com a medição de febre. Cerca de 25 deles já foram afastados por apresentarem temperatura acima da normal.

Com essas medidas, a expectativa da loja é faturar neste mês entre 10% e 15% menos do que em igual mês do ano passado, apesar de a venda por delivery ter subido.

No mês passado, o resultado foi diferente. Os clientes fizeram estoque e, por isso, a Casa Santa Luzia vendeu entre 15% e 20% mais do que em março de 2019.

Para Ana Maria, o mundo vai ficar diferente a partir do novo coronavírus.

“Será um aprendizado sofrido, mas acredito que aquela posição individualista dará lugar à coletiva. As pessoas deverão pensar mais nas outras. Novos hábitos de higiene devem ficar.”

O olhar sob o aspecto econômico, diz ela, também deve ser revisto.

Neste momento, diz ela, não faltam produtos na loja, com exceção de álcool em gel e uma ou outra marca de biscoito.

Num primeiro momento, de acordo com Ana Maria, as pessoas saíram correndo às compras porque estavam sem entender o que estava por vir.

A procura foi maior por produtos básicos, como macarrão, arroz, feijão e itens de limpeza.

É a primeira vez que isso acontece, diz ela, mas agora as pessoas começam a entender que terão de mudar hábitos e seguir orientações de organizações de saúde.

Ela mesma, com mais de 60 anos, está trabalhando sozinha em uma sala na loja.

Fátima Fernandes é jornalista especializada em economia, negócios e varejo e edita o site Varejo em Dia.

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