//COMÉRCIO// Vendas de Natal demoram a aquecer

Comerciantes estão decepcionados com as vendas baixas até agora

Salete Silva 

O movimento no comércio neste penúltimo fim de semana antes do Natal ficou aquém das expectativas de comerciantes de Serra Negra, que previam vendas melhores nesta época do ano.

Serranos e lojistas usaram as redes sociais para manifestar a decepção e apontar culpados pelos fracos resultados de vendas. As hipóteses foram variadas.

A responsabilidade, para alguns, seria de comerciantes e trabalhadores das lojas que estacionam seus veículos na Rua Coronel Pedro Penteado, a principal via de comércio da cidade, deixando os clientes sem estacionamento.

Para outros, o comércio também seria responsável por não funcionar pelo menos até às 20 horas, e boa parte atribuiu ainda a responsabilidade à administração municipal, que não teria atuado de forma eficiente para divulgar a cidade e atrair turistas.

Poucos, no entanto, apontaram o baixo nível de atividade econômica no país e o fato de o consumidor estar com pouco dinheiro para gastar, em consequência da redução da renda do trabalhador.

Todos esses fatores, com exceção do último, não foram temas de discussão em períodos de vacas gordas em anos anteriores, em que a economia estava aquecida, as vendas em alta e a taxa de desemprego brasileira eram baixas, como os 4,3% registrados em dezembro de 2013.



Luiz, da Acia: comércio vai
abrir até às 20 horas
a partir do dia 18, 4ª-feira
A exemplo do que vem ocorrendo no varejo de forma geral, as vendas do comércio de Serra Negra mantêm ligeira recuperação desde o mês de outubro, segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Serra Negra (ACIA), José Luiz Gomes Machado, empresário do setor hoteleiro.

Ainda estão, porém, abaixo da expectativa, ele avalia. “Como Serra Negra é uma cidade turística, a maior parte dos consumidores é de turistas e, portanto, a expectativa de maior aumento das vendas é para o início de 2020”, diz.

A redução do fluxo de turistas nos últimos anos se deve, na sua avaliação, à desaceleração econômica, que não só reduziu o poder de compra como mudou o hábito do consumidor.

“A maioria hoje compra para uso próprio e não mais para a família toda, e as iniciativas, tanto dos comerciantes quanto da Secretaria de Turismo, têm estimulado a vinda de turistas”, analisa.

Nos últimos meses os lojistas, diz, parecem mais engajados nas ações para atrair turistas e aumentar as vendas. Uma das inciativas importantes este ano será manter as portas abertas até às 20 horas, entre os dias 18 e 23 de dezembro.

Ele salienta a necessidade de adesão do maior número possível de estabelecimentos comerciais a essa iniciativa de funcionamento até mais tarde. “Mais do que isso, é necessário não só permanecer com as portas abertas, como decorar e iluminar as lojas”, conclui.



Segundo informações preliminares da rede hoteleira, ainda é possível adquirir pacotes de Natal e Réveillon, mas não para todos os hotéis. Alguns já estão lotados.

A desaceleração das vendas do comércio e o aumento da capacidade ociosa da rede hoteleira a partir em especial de 2015 já vinham sendo registrados por empresários de Serra Negra nos últimos três anos.

Desde meados do ano passado, um grupo de empresários tem trabalhado para detectar e buscar soluções para os gargalos do setor de turismo do município.

A partir do segundo trimestre de 2019, finalmente, a iniciativa privada e o setor público começaram a atuar de forma conjunta para definir um plano de desenvolvimento turístico.

Vereadores da oposição vinham também cobrando maior atuação da administração municipal nessa área desde o início do ano.

Serra Negra, estimam empresários e a administração municipal, conta com quase 700 lojas e, até agora, a adesão tem sido parcial de seus proprietários às iniciativas em parceria com o setor público para estimular os negócios na cidade.

A primeira reunião, realizada em outubro, entre empresários e a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, para discutir a programação oficial de eventos na cidade para o segundo semestre do ano, contou com cerca de 30 empresários, embora a secretaria tenha informado que havia distribuído 500 convites no comércio e hotéis locais.

Na ocasião, o titular da pasta, César Augusto Borboni, o Ney, informou também que teria disponível apenas R$ 200 mil de recursos públicos para esses investimentos.

A principal atração do calendário seria a Sinfonia das Águas, espetáculo a céu aberto com 200 artistas, que se apresentará domingo, 22 de dezembro, às 20 horas, na Avenida Laudo Natel.


Para a realização dos eventos e da decoração da cidade para o Natal, a prefeitura conta com a colaboração financeira da classe empresarial.

Embora alguns indicadores mostrem um aumento das vendas em novembro, como a pesquisa da Associação Comercial de São Paulo, que revela avanço de 5,8%, a expectativa dos empresários ainda é incerta para o fechamento deste ano e de 2020.

Algumas consultorias preveem uma média anual de crescimento em torno de 5,5%, como a Ativa Investimento, empresa de consultoria financeira.

“No entanto, mesmo com números consistentes neste ano, ainda temos um baixo crescimento na renda do brasileiro e alto desemprego”, afirmou Ilan Arbertmam, analista da Ativa Investimentos em entrevista publicada na "Folha de S. Paulo" nesta segunda-feira, 16 de dezembro.

Pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nas 27 capitais do Brasil mostra outro dado preocupante: o levantamento aponta que cresceu de 28% para 33% o número de brasileiros que possui intenção de presentear no Natal, mesmo com contas em atraso. E desses, 66% estão com restrição em seus CPFs.


A pesquisa também aponta que 15% dos entrevistados admitem ter ficado com o nome "sujo" em razão das compras feitas no Natal de 2018. Dentre esses, 9% continuam negativados e 7% conseguiram limpar o nome. Em média, o valor das dívidas responsável pela negativação é de R$ 847,17.




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