//TURISMO// Sinfonia das Águas vai alegrar Natal serrano

César Borboni: comerciante local precisa investir no atendimento

Salete Silva

Serra Negra será palco de várias atrações nos dias que antecedem o Natal, entre elas a famosa Sinfonia das Águas, megaespetáculo musical comandado pelo maestro Agenor Ribeiro Netto durante vários anos em Poços de Caldas, segundo informou o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra, César Borboni, o Nei. Da programação constam ainda um concertos ao ar livre na Praça Lourenço Franco de Oliveira e no interior da Igreja Matriz, também sob a responsabilidade do maestro Agenor, e um desfile natalino, nas ruas Sete de Setembro e Prudente de Moraes, entre as igrejas de São Benedito e Matriz. 

Antes, em novembro, está acertada a realização da Novemberfest, no Espelho D'Água da Praça Sesquicentenário, uma festa do chope que contará com a participação das cervejarias artesanais do Circuito das Águas Paulista. "Vamos começar com um formato pequeno, no ano vem vamos fazer maior, em lugar coberto", disse Nei na entrevista que deu ao Viva! Serra Negra.

Nessa conversa, uma espécie de balanço de sua gestão de poucos meses, Nei afirmou que está pedindo aos comerciantes que façam sua própria decoração natalina e que ajudem na realização dos concertos, pelo menos comprando ingressos para a Sinfonia das Águas. Também revelou que gostaria que os hotéis centrais fizessem uma experiência e oferecessem aos hóspedes meia pensão (café da manhã e jantar), como forma de aumentar o movimento nos bares e restaurantes.

Informou ainda que o novo Conselho Municipal de Turismo (Contur) vai possibilitar a criação de um fundo, com a cobrança da taxa de turismo, destinado a reforçar o caixa do setor, e depois de dizer que o comércio de Serra Negra perdeu o ar de exclusividade e seus produtos são hoje vendidos em muitos outros lugares, deu um recado aos empresários locais: "Está na hora da Rua Coronel Pedro Penteado e comerciantes das adjacências acordarem, pararem de achar que a prefeitura vai resolver o problema deles. A prefeitura não tem esse compromisso de resolver o problema do comércio. A prefeitura tem de resolver a questão da saúde, da educação, da segurança pública."

A seguir, os principais trechos da entrevista:


Programação do 2º semestre


Do calendário previsto fizemos a Festa dos Italianos, o aniversário da cidade e pulamos a Feira Agropecuária, porque não achamos quem quisesse participar ou patrocinar. As pessoas acharam que o tempo era muito corrido para fazer este ano. Vamos pensar na Feira Agropecuária para o ano que vem. Um projeto pequeno, como seria este ano. Quem ia fazer o evento achou que era pouco tempo. Mas a Festa dos Italianos aconteceu, fizemos a festa do aniversário da cidade, com Milton Guedes, a Band está aí até o fim do ano, como prometemos e sugerimos, e aí gente vai fazer dia 15 de novembro, no Espelho D'Água da Praça Sesquicentenário, a Novemberfest, festa do chope, com as cervejarias artesanais do Circuito das Águas. Vamos começar com um formato pequeno, no ano que vem vamos fazer maior, em lugar coberto.


Natal "Luzes da Serra"


Está confirmada a programação de Natal “Luzes da Serra”, vamos fazer vários eventos com iluminação, com shows, inclusive a Sinfonia das Águas, que será no dia 22 de dezembro na Avenida Laudo Natel. Em caso de chuva, temos um plano B, que é levar para o Centro de Convenções. Temos algumas empresas que se cotizaram, que estão ajudando a financiar a presença da TV Bandeirantes. A Festa dos Italianos a prefeitura patrocinou, os comerciantes financiaram a Band Campinas, a Novemberfest não vai ter dinheiro público. Vamos ceder o espaço, vai ter empresas, a TV Bandeirantes, sem dinheiro público. Essas empresas vão se cotizar para fazer o evento, realizar shows, vão poder vender. A prefeitura vai receber aluguel do uso do solo. Claro que é valor reduzido, mas as empresas vão contratar a Bandeirantes para fazer as chamadas e dar cobertura e destaque para o evento. 

Nós cadastramos o projeto de Natal no Proac, o Programa de Ação Cultural do governo do Estado de São Paulo, porém ele não foi aprovado devido ao contingenciamento de recursos do governo. O deputado Edmir Chedid colocou a assessoria dele para tentar liberar, uma vez que temos recursos de ICMS, já que uma das empresas que vão patrocinar é a própria Fenix, da família do deputado. Tem empresas de Serra Negra e também da região que querem participar. Temos conversado muito com a Cristália, que tem se mostrado solícita. A ideia era captar recursos na ordem de R$ 120 mil em um mês e meio para o projeto de Natal.

No dia 20 de dezembro haverá uma parada de Natal. Mas vamos fazer uma antes, inaugurando o Natal com as crianças. A parada do dia 20 vai sair da Igreja de São Benedito e irá até a Igreja Matriz. Na Matriz, vamos fazer um concerto de músicas natalinas, no dia 20, previsto para as 21 horas, com o maestro Agenor Ribeiro Netto. No dia 21, após a missa das 19 horas, vamos fazer um concerto também com o maestro, e no dia 22 vamos fazer a Sinfonia das Águas. A Sinfonia será com a orquestra completa.


Mobilização dos comerciantes


Até agora não vi movimento dos comerciantes da Rua Coronel Pedro Penteado. A representante da Band disse que passou em alguns lugares e ficaram de dar resposta. Mas agora estamos fazendo, por meio da Secretaria de Turismo, um ofício solicitando que pelo menos iluminem as lojas, cada estabelecimento comercial faça a sua própria decoração. Vamos pedir para ajudar nos concertos do maestro. Estamos esperando que pelo menos cada loja compre três ou quatro cadeiras, a título de colaboração. O espetáculo será para 4 mil pessoas. Com o patrocínio que já arrumamos, se vendermos mil cadeiras, na faixa de R$ 80 a R$ 85, o maestro cobre seus custos. Vamos pedir que ajudem com a decoração. Não vimos a adesão que esperávamos para o financiamento da Band.  Mas dá tempo ainda. 

Vamos fazer reuniões com os comerciantes, vamos pedir para que estendam o horário de atendimento. Todos deveriam participar. Como diz o Sebrae, só a união de esforços é que vai fazer mudar nosso turismo. E esse esforço no momento não temos visto passar pela rua Coronel Pedro Penteado. Houve uma reclamação da parte deles de que não está muito mobilizado. Mas não tem como a prefeitura mobilizar 400 estabelecimentos comerciais. Não conseguimos falar com todos. Falamos com alguns. Não temos como ir em cada loja, temos poucos funcionários. Esperamos que isso seja feito em grupos. Pedimos para os grupos se articularem, mas não tivemos essa resposta.


Rua Coronel Pedro Penteado


Está na hora da Rua Coronel Pedro Penteado e comerciantes das adjacências acordarem, pararem de achar que a prefeitura vai resolver o problema deles. A prefeitura não tem esse compromisso de resolver o problema do comércio. A prefeitura tem de resolver a questão da saúde, da educação, da segurança pública. O turismo tem orçamento baixo, estamos tirando leite de pedra desde que assumi. Pegamos um orçamento com quase mais de sua metade comprometida. É um orçamento baixo, fizemos um Festival de Inverno que chamou a atenção, demos o pontapé inicial e esperamos que o comércio participe. Se pegar 400 lojas, R$ 50 por loja, em 12 meses teremos R$ 240 mil, que é quase 20% do orçamento da secretaria.


A importância da publicidade


O Bill Gates diz que se tivesse só um dólar, ele seria investido em publicidade. Então acho que a prefeitura deveria ter vários canais de divulgação. A prefeitura viu agora que pode fazer uma licitação e comprar impulsionamento na internet, em redes sociais. Mas até recentemente não vínhamos caminho para isso. Por exemplo, se tivéssemos R$ 10 mil para investir em redes sociais, onde faríamos esse investimento? Não sabíamos como fazer investimentos em pontos turísticos, como o Alto da Serra,o  Cristo Redentor, o Festival de Inverno, a Band... Tínhamos de ter pegado carona e continuado investindo.


Band Campinas


A Band vem em fins de semana, a cada 15 dias, faz programas, os repórteres também, sempre que podem, falam da nossa cidade. Mas precisamos de mais, e esse mais tem de vir do comércio. E não é só investir na Band, algumas empresas tem feito anúncio na Band, mas precisamos de anúncio em redes sociais, publicidade em conjunto. Nós temos uma equipe que pode fazer o material de divulgação. Precisamos de dinheiro para impulsionar esse material. Não precisamos, por exemplo, de quem desenvolva logotipos para placas de sinalização, precisamos quem faça as placas.


Funcionamento de bares e hotéis


Precisamos divulgar a cidade, precisamos do comércio, que tem de abrir pelo menos todos os sábados até nove ou dez horas da noite. Montamos uma comissão para conversar com os hoteleiros sobre fazer meia pensão - café da manhã e jantar. Pensamos em fazer uma experiência de 90 dias. Uma comissão vai agendar com os hotéis e pousadas para discutir isso. Os hoteleiros dizem que o comércio gastronômico não está preparado para receber todo mundo. Os donos de restaurantes, por sua vez, dizem que não investem porque os donos de hotéis não deixam e não têm giro para isso. No Brasil, as cidades turísticas que estão na nossa frente não têm mais pensão completa. Nesse primeiro momento, vamos excluir os hotéis-fazenda, porque se a pessoa vem para Serra Negra e quer ficar retirado, tem de ter pensão completa. Mas os hotéis centrais, queremos ver se todos aderem a essa opção de oferecer só café da manhã e jantar. Se a pessoa quiser almoçar no hotel, paga o à la carte. Temos pesquisa que mostra que o horário de vendas do comércio é das 10 às 12h20 e depois das 14h30 até às 18 horas. Então, estamos falando de um prazo de nove dez horas, só quatro horas de venda. Queríamos esticar esse período de vendas.


Reestruturação do comércio


Serra Negra deixou de ser um centro comercial exclusivo. Há muitos centros de vendas por aqui perto: Jacutinga, Monte Sião, Águas de Lindoia, Socorro... Serra Negra só tem duas ou três malharias. Se comparar, estamos falando de muito menos malharias em Serra Negra do que nas outras cidades.

O comércio de Serra Negra não tem mais diferencial, os produtos vendidos em Serra Negra se acham em todo lugar, em São Paulo, nas cidades vizinhas. O consumidor antes não ia tanto para comprar no centro de São Paulo, hoje vai, virou roteiro, ir na feira da madrugada, nas galerias. O diferencial em Serra Negra é no inverno, quando o turista viaja e compra uma roupa de frio, mas ele não vai mais tirar um dia de compras. No verão isso é mais difícil ainda. Trouxemos uma empresa que capacita funcionários, parece que custa R$ 370, mas a adesão é muito baixa. O comerciante não compreendeu ainda essa mensagem de que precisa investir no atendimento. Às vezes vende mais a loja que tem um produto mais caro, mas que oferece um atendimento diferenciado. Secretarias de Turismo, Sebrae e todas as instituições envolvidas em negócios têm dito a mesma coisa: hoje se vende experiência. Serra Negra não entendeu isso ainda. Às vezes a gente ouve os mais pessimistas dizendo que a rua Coronel vai acabar em dez anos. Não acho que acaba, mas vai diminuir. Já tem muitas lojas fechadas. Tem uns que atribuem isso à prefeitura, ao custo do aluguel. Mas o aluguel é caro para quem paga ou para quem aluga?


Verba do Dadetur


O governador João Doria tomou uma atitude, que não sei se ele precisava toma, ele contingenciou, no primeiro momento, 46% do dinheiro do Dadetur e agora deu uma canetada e vai pagar 30% apenas do que deveria pagar referente ao Fundo de Melhoria das Estâncias. Serra Negra, em vez de R$ 3 milhões, vai receber apenas R$ 970 mil, que serão aplicados no Parque São Luiz, Represa Santa Lídia, Alto da Serra e sinalização das rotas turísticas.


Importância das rotas turísticas


O turista não vem mais à Serra Negra por causa da Rua Coronel Pedro Penteado. Isso já é secundário, terciário. Ele vem pelo bem-estar, pela paisagem, natureza, gastronomia, outras coisas. Temos de ter rotas turísticas... A gente daqui não dá valor, mas quem vem de fora procura isso, o Alto da Serra, o teleférico, o queijo e o vinho, quer conhecer a propriedade, pegar a manga no pé, conhecer como é feito o vinho, a cachaça. Não é novidade para nós, mas para eles é.


Orçamento da secretaria


O orçamento para 2020 aumentou em apenas R$ 50 mil. Para o próximo ano teremos R$ 2,020 milhões. Não aumentou nada. É difícil falar em aumento, sendo que vai ser praticamente difícil aumentar a arrecadação. Todo mundo esperava que o Brasil iria crescer. Não houve remanejamento de verbas no orçamento. O ideal seria um orçamento de R$ 5 milhões, mas ele não existe. Como vai existir? O que pode aumentar é o Fundo de Turismo que pretendemos criar. Vamos fazer a eleição do Conselho Municipal de Turismo (Contur), vamos convidar mais de 100 pessoas. Vamos fazer um novo Contur e aí estudar como fazer a taxa de turismo. Isso é para plantar, é para depois de 2021. Os projetos são para a cidade, não para mim nem para o atual prefeito. Queremos que 70% do Contur seja integrado por quem vai conduzir o turismo. Esperamos na nova eleição pessoas que queiram participar. As cidades que estão colhendo frutos do Contur plantaram anteriormente. Nós temos de plantar para colher mais tarde. Paralelamente a isso, vamos tocando com dinheiro da prefeitura. Mas o Contur, no futuro, poderá arrecadar mais R$ 2 milhões por ano, só com a taxa dos turistas, que é cobrada em qualquer lugar do mundo. O turista quando vem encontra uma cidade limpa e tem o que fazer na cidade, não se incomoda de pagar R$ 1, R$ 2, como é em Campos do Jordão, Gramado e todas as cidades desenvolvidas. Esse dinheiro tem de ser investido em turismo, eventos, atrativos.

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