//POLÍCIA// Justiça manda soltar empresária serrana


A empresária serrana Ângela Poletini da Fonseca, presa temporariamente na quinta-feira, 22 de agosto, e levada para a Delegacia da Polícia Federal em Santos para prestar esclarecimentos sobre a sua participação num esquema de fraudes em licitações na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), teve sua soltura determinada nesta sexta-feira, 23, pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Nino Toldo. Ele atendeu pedido do advogado Roberto Delmanto, que defende Francisco José Adriano, ex-diretor-financeiro da Codesp, e resolveu estender a decisão aos demais investigados.

Além de Ângela, a 5ª Vara da Justiça Federal de Santos havia expedido 20 mandados de prisão temporária para políticos, empresários e executivos da Codesp e 24 mandados de busca e apreensão em seis cidades paulistas, entre as quais Serra Negra e Bragança Paulista.

“Em princípio não verifico a demonstração, na representação da autoridade policial ou na decisão ora impugnada, das razões pelas quais a medida seria imprescindível para as investigações policiais, ou seja, delas não se extrai o motivo pelo qual a prisão do paciente e dos demais seria necessária à obtenção de elementos probatórios que, ao que é possível inferir-se pela leitura da decisão, foram resguardados pelo cumprimento de outras medidas, como a busca e apreensão”, escreveu o juiz em sua decisão.

O principal alvo da operação é o ex-deputado federal Marcelo Squassoni (PRB/SP) que na última eleição fez em Bragança Paulista dobradinha com o deputado estadual Edmir Chedid (DEM). Segundo a Polícia Federal, Squassoni participou de fraudes investigadas no exercício do mandato de deputado federal e, antes, ao presidir a Câmara Municipal de Guarujá.

A Representação nº 01/2019, referente ao Inquérito Policial nº 0072/201, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros de São Paulo, encaminhada à Justiça Federal e assinada pelo delegado federal Eduardo Alexandre Fontes, justificava o pedido de prisão temporária para Ângela Poletini da Fonseca por ela ser suspeita de ter participado de um esquema de recebimento de propina em favor de Marcelo Squassoni, Francisco José Adriano e Carlos Antonio de Sousa.

Segundo depoimento de Mário Jorge Paladino, dono da empresa MC3 Tecnologia, acusada de favorecimento em licitações na Codesp, ele simulou a contratação de Ângela e outras duas mulheres, Juliana de Paula Louro Storti e Fabiana Gilho Alves de Almeida, com valor de R$ 5 mil mensais cada uma, para, segundo o relatório da PF, "compensar a contratação da filha de Adriano, de nome Amanda, como assessora parlamentar lotada no Gabinete da Liderança do DEM da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo".

O relatório da PF informa ainda que "para tanto, houve a participação de André Pinto Nogueira, que também era assessor naquele mesmo gabinete e contra quem há inúmeras reportagens citando suspeitas de ocorrências de fraudes e corrupção".

André foi servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo por 14 anos, até março de 2019. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", ali ele chegou ao alto escalão e "dirigiu órgãos pelos quais passa o dinheiro da Casa, como o Departamento-Geral de Administração". O jornal também aponta que ele é "ligado ao DEM, sempre foi bancado na Casa pelo deputado Edmir Chedid (DEM) e pelo ex-parlamentar Aldo Demarchi (DEM) – eles não são alvo da Círculo Vicioso". 

Mário Jorge Paladino também declarou à PF que o pagamento às três mulheres perdurou de janeiro de 2018 até a data de sua prisão na Operação Tritão, no dia 31 de outubro de 2018, e que nesse período elas "não prestaram qualquer tipo de serviço" a ele, à MC3 ou a qualquer outra empresa sua e que ele "sequer as conhece, sendo que nunca foram na sede da empresa".

A filha de Francisco José Adriano, Amanda Fernandes Adriano Gomes, atuou como assessora parlamentar lotada no Gabinete da Liderança do DEM da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no período de 8 de novembro de 2017 a 11 de março deste ano.

A reportagem do Viva! Serra Negra procurou familiares de Ângela para que prestassem esclarecimentos sobre o assunto, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto às manifestações de seus representantes.

(Texto alterado às 22h15 de sexta-feira, 23 de agosto de 2019)

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