//COMÉRCIO// "PIB positivo e crédito não aumentarão vendas"
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Fátima Fernandes*
PIB (Produto Interno Bruto), a soma das riquezas do país, e demanda por crédito. Dois bons indicadores para revelar o desempenho de uma economia. No Brasil, esses dois termômetros estão até positivos. O PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre deste ano sobre o primeiro trimestre e 1% sobre igual período de 2018, de acordo com o IBGE. É um crescimento pífio, mas é crescimento. A demanda de pessoas físicas por crédito está crescendo ao ritmo de 10%, em média, neste ano. Um bom número, segundo economistas. Isso quer dizer que o varejista pode sair do sufoco e voltar a faturar mais neste fim de ano? Infelizmente, não, de acordo com o economista Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. As projeções de vendas para o comércio continuam diminuindo ao longo deste ano. A equipe da MacroSector começou 2019 prevendo alta de 2% a 2,5% para o comércio em 2019. Passados oito meses, a projeção para o varejo é de alta ao redor de 1% em 2019. “O consumidor está utilizando os recursos que tem para renegociar dívidas e para serviços”, diz. A destruição de empregos no setor industrial foi brutal no Brasil. Com tantos desempregados, perto de 13 milhões de pessoas, não há como fazer projeções otimistas para o varejo e para qualquer setor da economia, diz. “Boa parte da prestação de serviços é de baixa qualidade, com mão de obra sem qualificação, sem condições de acesso a crédito.” A economia brasileira, de acordo com Silveira, tem um problema estrutural, que não se resolve em um, dois, três anos ou até em uma década. O percentual de famílias com dívidas alcançou 64,1% do total em julho de 2019. Aumentou de 9,5% em junho para 9,6% em julho a proporção das famílias que afirmaram não ter condições de pagar as suas dívidas, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio). O varejista para se safar desta má fase em que está o país, diz, deve se dedicar à venda online, que cresce a cada dia no mundo e no Brasil. “Não existem forças por aqui capazes de fortalecer as vendas. Os juros estão menores e há acesso a crédito, mas isso não é suficiente.” O país só volta a ter mais renda com investimento e crescimento. “Os investidores estrangeiros não estão confortáveis com o cenário econômico no país e os nacionais estão mais preocupados em proteger os ativos.” Não há, portanto, diz ele, firmeza no cenário econômico. “E como se não bastasse, aumentamos também o risco ambiental.” O que é certo para Silveira: “O lojista não pode mais ficar apenas com a barriga atrás do balcão.” *Jornalista especializada em economia, negócios e varejo, editora do site Varejo em Dia
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