//CIDADE// Empresários devem patrocinar 33% do projeto turístico

Rafael Accorsi: "Defendemos a cidade, nosso movimento é apartidário"


Salete Silva

A campanha Todos Por Serra Negra atraiu ao Palace Hotel, na noite de quarta-feira, 7 de agosto, cerca de 200 pessoas interessadas em conhecer a programação de eventos para o segundo semestre de 2019, idealizada pela Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico. 

Entre empresários, profissionais liberais e políticos da cidade, estavam presentes representantes das principais entidades empresariais do município, como Comércio Forte, Ashores (hotéis), Acia (comércio e bares) e Acecap (produtores de cafés especiais).

A plateia ouviu do secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, César Augusto Oliveira Borboni, o Nei, que a prefeitura desta vez só poderá arcar com 33% do investimento de aproximadamente R$ 1,2 milhão necessário para cobrir as despesas com a programação do segundo semestre.

No Festival de Inverno, segundo ele, a administração municipal arcou com 80% dos gastos, investindo R$ 245 mil. A programação a partir de agosto prevê diversos eventos até o Natal, entre os quais apresentações da Sinfonia das Águas, do maestro Agenor Ribeiro Netto. A primeira delas deverá ser dia 25 de agosto, no Centro de Convenções. 

Outros 33% do investimento total deverão ser patrocinados por grandes empresas com as quais a secretaria já estaria em negociações, como Sabesp, CPFL, Bradesco e companhias regionais de grande porte, como Ypê, de Amparo, e o Laboratório Cristália, de Itapira, proprietário do Grand Resort Serra Negra.

Os 33% restantes devem ser patrocinados por empresários serranos. Representantes das entidades locais e a Band Campinas começam a estudar cotas de financiamento que serão oferecidas aos empresários locais. “Cada um vai contribuir com o que puder. Quem puder, dá R$ 100, quem puder, dá mais”, disse Nei.

Os empresários ainda não sabem qual sistema será utilizado para definir as cotas. A expectativa do presidente da Associação Comércio Forte, Rafael Accorsi, é que as cotas sejam definidas também pelas empresas, como a Band Campinas, que deverá receber R$ 150 mil para manter seu estúdio na cidade até dezembro.

As formas de financiamento devem ser definidas nas próximas semanas. “O evento não é uma iniciativa exclusiva da Associação Comércio Forte”, explicou Accorsi.

O objetivo da reunião, ele salientou, foi promover o envolvimento das associações, apresentar aos serranos o que está sendo programado para os próximos meses pela prefeitura e mostrar o que tem sido feito em prol da cidade por diversos segmentos da sociedade local.

Nos últimos meses, ele lembrou, vêm ocorrendo várias mobilizações entre cidadãos serranos preocupados com os rumos da economia do país e interessados em encontrar soluções para promover o desenvolvimento do município e melhorar a qualidade de vida na cidade. 

As articulações entre serranos, ele destacou, não têm sido lideradas apenas por entidades representativas da classe empresarial, mas também por grupos independentes como o Coletivo da Montanha, que reúne professores, profissionais liberais, trabalhadores e intelectuais. Destacou também as iniciativas do Clube de Voo Livre, responsável pela revitalização do Alto da Serra, e o Grupo Visão. 

O Todos Por Serra Negra deverá ser um movimento apartidário. “Estamos aqui para defender os interesses da cidade. Não importa partido, governo, não temos posicionamento político”, afirmou Accorsi.


Sirlene: planejamento estratégico
O sucesso do Festival de Inverno, além dos investimentos da administração municipal, foi resultado de um planejamento estratégico iniciado em maio do ano passado, segundo Sirlene Terenciani, proprietária da Pousada Shangri-la e representante da Associação de Hotéis, Restaurantes e Similares de Serra Negra (Ashores).

O trabalho foi realizado com base em pesquisa encomendada pela Ashores à PUC Júnior, empresa de consultoria formada por alunos dos cursos de Administração, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis, entre outros. O estudo revelou os pontos fortes e fracos de Serra Negra. 

O levantamento apontou também, entre outras coisas, a necessidade de investir na melhor exploração e divulgação dos pontos turísticos e do turismo rural em especial do trabalho realizado por pequenas propriedades rurais ligadas à cafeicultura, principal atividade agrícola do município, além da produção local de vinho e cerveja artesanais. 

Os apontamentos do estudo e o planejamento estratégico empresarial foram essenciais para a formulação do Festival de Inverno e dos eventos que atraíram milhares de turistas por meio da divulgação realizada diretamente do estúdio instalado na cidade pela Band Campinas, contratada pela prefeitura e patrocinada também por empresários.


Cerca de 200 pessoas foram ao encontro
Numa dinâmica realizada com a plateia para medir os ânimos dos serranos depois da realização do Festival, Sirlene pediu para que por meio de aplausos os presentes indicassem como se sentiam mês a mês desde dezembro do ano passado.

Os aplausos indicaram que havia um sentimento otimista em dezembro de 2018, um mês após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República. 

As palmas, no entanto, foram diminuindo mês a mês, a partir de janeiro até o mês de maio, provavelmente indicando o desânimo empresarial dos serranos provocado pela estagnação econômica no país, a queda de vendas no comércio e no movimento do turismo de forma geral, além da falta de perspectiva de retomada dos negócios.

Os aplausos da plateia para os meses de junho e julho indicaram a retomada do otimismo e recuperação dos ânimos empresariais com o início da temporada de inverno, a queda da temperatura e o Festival de Inverno de Serra Negra. A programação de eventos para os próximos meses foi formulada justamente para não deixar os ânimos arrefecerem.

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