//SAÚDE// Chapa de raios X vai ajudar hospital


Salete Silva

Quem não tem guardada uma ou mais chapa de raios X por precaução ou para mostrar ao médico caso um dia seja necessário? Ou quem ainda não ficou com esse material em casa simplesmente por não saber como descartá-lo?

Pensando na quantidade imensa de filmes de raios X que deve existir acumulada por pacientes não apenas em Serra Negra, mas em todo o Circuito das Águas Paulista, o Hospital Santa Rosa de Lima vai lançar uma campanha permanente de recolhimento de radiografias.

Além de resolver o problema de descarte, a expectativa com a iniciativa é reverter a venda desse material, que é tóxico e não pode ser jogado no lixo comum, em recursos para a manutenção do centro radiológico da instituição.


A validade médica dos filmes é de no máximo dois anos, explica a vice-presidente do Hospital Santa Rosa de Lima, Maria Lúcia da Silva Claudio. Com o tempo, a imagem fica distorcida e já não serve mais para a avaliação do médico.

Além disso, as chapas não podem ser jogadas no lixo comum porque, na parte escura, há materiais tóxicos, como chumbo, que podem permanecer no solo, contaminando-o por até 50 anos.

Empresas especializadas em reciclagem compram radiografias descartadas em hospitais e laboratórios de todo o país.

Depois de separadas, as chapas ficam de molho em uma mistura que leva soda cáustica. A parte escura, que se desprende, é prata, que segue depois para a fundição. 

Para conseguir cinco quilos de prata, utilizada depois em especial na fabricação de joias, são necessárias 50 mil chapas de raios X.

A campanha de recolhimento de radiografias vai ser na verdade retomada e de forma permanente. Há dois anos, aproveitando o Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, o Hospital Santa Rosa de Lima realizou uma campanha no município para o recolhimento de chapas radiográficas.

Foram arrecadados na ocasião 80 quilos de filmes de raios X, cuja venda resultou na arrecadação de R$ 3,5 mil, revertidos na realização de reformas no hospital. A ideia agora é envolver a sociedade e em especial o comércio.

“Podemos ter postos de arrecadação em estabelecimentos comerciais de todo o município para facilitar a entrega pelos pacientes”, explica Maria Lúcia.  Os filmes de raios X tendem a desaparecer com o avanço da digitalização dos exames, ela diz, e os próprios pacientes vão querer cada vez mais descartá-los.

“Não vai adiantar guardar, porque não vai dar para os médicos aproveitarem e acredito que as pessoas vão ficar mais ansiosas para desfazer desse material”, afirma.

Ainda não há data para o lançamento da campanha, mas o hospital já está recebendo o material de quem quer descartá-lo. O lançamento depende do acerto de alguns detalhes, como a negociação com os comerciantes no âmbito municipal e com a direção de hospitais da região do Circuito das Águas Paulista.

O hospital vai realizar também uma nova pesquisa de mercado para contratar a empresa que oferecer o maior valor pelo material recolhido. Eles pagam de acordo com a quantidade. O hospital vai acumulando os filmes e vende à empresa selecionada quando atingir um volume bom de venda.

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