//PREVIDÊNCIA// No dia da greve, ato antirreforma

Cerca de 40 pessoas participaram do ato contra a reforma da Previdência

Salete Silva

Serra Negra não aderiu à greve. A cidade funcionou normalmente no dia da paralisação geral. Mas uma manifestação com cerca de 40 pessoas na praça João Zelante, centro da cidade, contra a reforma da Previdência e em defesa da educação quebrou a rotina do pacato município desabituado a movimentos populares e que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) com 81% dos votos. 

A iniciativa foi um ato unificado inédito que reuniu na região pela primeira vez numa manifestação política representantes sindicais e de movimentos sociais de diversos municípios do Circuito das Águas, como Amparo, Socorro e Águas de Lindoia, além de cidadãos serranos.


Roda de conversa e de discursos
“O objetivo do ato foi dar voz a quem está escondido e que é oposição ao que está ocorrendo no país, como a retirada de direitos por meio da Previdência, a perseguição a professores nas escolas, repressão aos LGBTs e a retirada de direitos do cidadão de forma geral”, afirmou a moradora serrana Erica Pilom, professora de história.

Contribuir para promover a unidade política no Circuito das Águas entre entidades e pessoas com os mesmos ideais foi o que levou a também a professora de Amparo Silvia Forato, integrante do Coletivo Amélia e da Apeoesp/Amparo a participar da manifestação. “Serra Negra está de parabéns pela iniciativa”, afirmou.

A unificação de sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos no Circuito das Águas é uma resposta à sociedade que está anestesiada, segundo o advogado Pedro Rieli, presidente do PSB de Águas de Lindoia. Durante o evento, ele salientou a importância de a população não ser omissa e se manifestar sobre a reforma da Previdência que vai atingir as próximas gerações.

Também participaram da manifestação o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Hotéis e Restaurantes de Águas de Lindoia e Região, Antônio Carlos da Silva Filho, e o tesoureiro do Sindicato dos Aposentados de Socorro, José Tadeu Peixoto.

O sistema de capitalização proposto pelo projeto de reforma da Previdência enviado à Câmara pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo Peixoto, só vai transferir recursos para o mercado financeiro por meio do sistema de capitalização. “Não haverá mais a contribuição do empregador e o trabalhador terá de contribuir sozinho”, destacou.


Ribeiro: situação vai ficar mais difícil
Além de participar de uma roda de conversa, os manifestantes entregaram às pessoas que passaram pela praça folhetos e uma cartilha explicativa sobre a reforma da Previdência. A reação dos serranos e os poucos turistas que circularam pela praça foi variada. Alguns mostraram simpatia pelo ato, como o aposentado Luís Carlos Ribeiro, paulistano que veio a Serra Negra visitar a filha.

"A manifestação está certa porque primeiro é preciso mexer nos de cima depois nos de baixo”, afirmou. Ele disse que costuma passear pelo Circuito das Águas e nos últimos tempos observou que os municípios estão empobrecidos e vão empobrecer ainda mais, na sua opinião, com as medidas do presidente Bolsonaro. “Sou aposentado com um salário mínimo e a situação vai ficar mais difícil porque alguns nem isso irão receber”, afirmou.


Lopes: professores tem de ficar fora da reforma
O eletricista da Prefeitura Benedito Lopes, morador há 21 anos de Serra Negra, parou, por curiosidade, para ouvir os manifestantes, embora seja eleitor e apoiador do governo Bolsonaro. A manifestação, segundo ele, faz parte da democracia. “Apoio a reforma da Previdência, mas acho que professores, por exemplo, têm de ficar de fora”, disse. Sua mulher é professora, também eleitora de Bolsonaro, mas não aprova mudanças na aposentadoria que possam prejudicar os professores.

Nos bares do entorno da praça, as manifestações eram em favor de Bolsonaro. Não faltou nem quem gritasse "mito" nem quem mandasse os manifestantes trabalhar. Os ânimos chegaram a ficar acirrados, quando manifestantes gritaram “fora Bolsonaro” e até um “Lula livre”. Mas o ato terminou em paz mesmo, porque para os manifestantes já foi dado um passo importante para unificar lideranças na região.  


Ato reuniu sindicalistas e movimentos sociais da região 


A reforma da Previdência foi rechaçada pelos manifestantes

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