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Salete Silva
Um cidadão simples, trabalhador da roça, comentou comigo com satisfação sobre a extinção da multa para os motoristas que transportarem crianças sem a cadeirinha: “Está certo, não precisa de multa. Os pais é que têm de se preocupar com os filhos”, afirmou. Sua reação mostra que o presidente Jair Bolsonaro acertou em cheio.
A medida populista agradou a parcela da população menos informada e também mais numerosa, entre as quais seu governo vem perdendo apoio pela ausência de medidas econômicas para criar empregos e renda e também pela proposta de reforma da Previdência, que pode tornar mais difícil o acesso à aposentadoria dos que têm menos condições de empregabilidade e de contribuição ao longo da vida.
Mas a principal vítima das mudanças nas regras de trânsito sem dúvida são as crianças, cujos cuidados são responsabilidade dos pais. Estatísticas do Detran-SP mostram que com o maior rigor na legislação, o motorista ficou muito mais cauteloso por receio de ficar impedido de dirigir.
O total de perdas de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está em queda: no ano passado 434 mil carteiras foram suspensas, número inferior a 2017, quando a suspensão chegou a 560 mil.
Se a conduta do motorista não muda pela consciência dos riscos expostos pelos abusos no trânsito, muda pela dor no bolso e o medo de ter a carteira suspensa. As crianças, no entanto, não têm opção. Suas vidas estão nas mãos dos adultos.
Considerando que muitas delas morrem esquecidas pelos pais trancadas dentro dos veículos por horas, pode-se ter ideia das sérias consequências que apenas a advertência pode trazer aos pequenos.
Só conscientização, indicam os fatos, não basta. Políticas de segurança no trânsito para serem eficientes têm de combinar educação, legislação e fiscalização.
Os estudos mostram que as cadeirinhas reduzem em até 80% as chances de as crianças morrerem em acidente de trânsito. Um outro levantamento revela que, desde 2008 quando foi determinada a obrigatoriedade da cadeirinha, o número de mortes de crianças caiu 60%.
O presidente Jair Bolsonaro, que ganhou as eleições com discurso de que protegeria as crianças de “ideologias de gêneros e da sexualização nas escolas”, agora negligencia os riscos de morte que elas correm no trânsito.
Tudo para não perder apoio do eleitorado, dando mais uma demonstração de que continua agindo como se estivesse em campanha eleitoral, preocupado mais em agradar do que governar e cuidar do que mais interessa à população no momento: a economia estagnada para a qual Bolsonaro parece não ter uma saída.
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