//OPINIÃO// Ideias para o Centro de Convenções


Carlos Motta

Uma das promessas de campanha do prefeito Sidney Ferraresso (DEM) está difícil de se concretizar, segundo ele mesmo afirmou, na entrevista que deu ao Viva! Serra Negra: privatizar o Centro de Convenções Circuito das Águas, que se tornou, ao longo do tempo, um enorme "elefante branco", com seus 15 mil metros quadrados de área coberta, e que abriga atualmente apenas a Câmara Municipal e é utilizado esporadicamente para encontros, shows e feiras.

Inaugurado em 1977, o Centro de Convenções é uma das obras mais marcantes do celebrado arquiteto João Walter Toscano. No total, ocupa uma área de 60 mil metros quadrados, com três auditórios, o maior com capacidade para 1.140 espectadores, salas de apoio, área de exposições coberta de 4 mil metros quadrados - a área externa tem 3.640 metros quadrados -, amplo estacionamento e localizado a apenas 500 metros do centro da cidade. Ele tem tudo isso e um balneário termal completamente reformado, pronto para usar - mas que está fechado.

O prefeito Ferraresso diz que não compensa para a cidade manter o Centro de Convenções. "Teria de ter um evento por semana, mas não se consegue isso", afirma. Atualmente ele está sendo utilizado para shows que constam da programação do Festival de Inverno, que vai até o fim de julho. 

Ferraresso conta que chegou a receber, no primeiro ano de sua administração, uma comitiva de empresários franceses que estariam interessados no espaço, mas a visita não deu em nada. A sua esperança agora é que o governador João Doria (PSDB) ajude a encontrar quem queira tomar conta do complexo turístico: "Fiz um ofício, com fotos do auditório, entreguei para o Rodrigo Garcia, vice-governador, que é do meu partido, e pedi que ele enviasse o material para o governador, que conhece muita gente. Quem sabe alguém se interessa."

O secretário de Turismo, César Borboni, o Nei, informou que empresas que se mostraram interessadas em explorar o Centro de Convenções estimaram que seriam necessários investimentos de cerca de R$ 10 milhões para adequá-lo às necessidades do empreendimento. Também alegaram falta de público e de um turismo forte na região capaz de sustentar um complexo desse porte. 

Uma esperança para manter o espaço vivo é oferecê-lo para convenções do governo do Estado de São Paulo. Para este ano já estão previstos pelo menos seis encontros, cada um com 1,2 mil funcionários da área da educação. A ideia é conseguir contratos com outras secretarias de Estado e esferas de governo.

"A solução seria privatizar", diz o prefeito Ferraresso, taxativamente. "Um complexo desses teria de ter uns 20 funcionários. Nós temos meia dúzia para limpeza", constata.

Se a prefeitura tem encontrado poucas saídas para o problema do Centro de Convenções, já que investimentos privados estão escassos no Brasil pós-governos Lula e Dilma, talvez a solução seja consultar o povo, mestre em sabedoria.

Uma das sugestões foi feita em comentários publicados na página do Facebook do Viva! Serra Negra: transferir para o Centro de Convenções as secretarias e outras unidades da prefeitura que hoje funcionam em imóveis alugados. Com isso, o Executivo não só economizaria um bom dinheiro, que poderia ser aplicado em áreas necessitadas, mas também facilitaria o acesso da população aos serviços públicos municipais.

Outra sugestão ouvida foi a de transformar o complexo num moderno espaço de "coworking", ou público, como já existe em algumas cidades brasileiras, ou privado. O coworking vem crescendo no país, pois possibilita que micros e pequenos empresários, ou mesmo profissionais liberais, tenham acesso a um escritório de baixo custo, com toda a infraestrutura, e que permite a eles a convivência e a troca de ideias com outros profissionais.

Também há quem sonhe ver aquele gigantesco imóvel se transformar numa escola - ou em várias.

Se a prefeitura, porém, insistir em que a solução é mesmo privatizar o complexo, sem mudar as suas características, uma coisa é certa: ela deveria passar pelas mãos - ou pelos cérebros - de profissionais do ramo, de empresas especializadas em prospectar investidores.

Num mundo complexo como o de hoje e num país problemático como o Brasil, não há espaço para o amadorismo.

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