//ENTREVISTA// O prefeito abre o jogo (final)

Sidney Ferraresso: "Quem sabe o Doria nos ajude a privatizar o Centro de Convenções"

Salete Silva e Carlos Motta

Nesta quarta e última parte da entrevista que o prefeito Sidney Ferraresso (DEM) deu ao Viva! Serra Negra ele diz que vem tentando, sem êxito, privatizar o Centro de Convenções, como prometeu em sua campanha eleitoral. "Para a prefeitura ele não compensa, teria de ter um evento por semana, mas não se consegue", disse. Ferraresso contou que no primeiro ano de sua administração executivos franceses vieram conhecer o local, mas a visita ficou só nisso: "Andamos, mostrei tudo, mas não se interessaram."

O prefeito também fala sobre o problema do poço no Parque das Fontes, que causou polêmica entre vereadores da cidade, e comenta sobre a vocação turística de Serra Negra: "Minha opinião pessoal sobre os que dizem que não há o que fazer em Serra Negra, que o turista vem aqui para fazer compra na Coronel - e não está bom, também?"

A seguir, a última parte da entrevista (no vídeo abaixo o prefeito avalia a sua administração).

Viva! Serra Negra – Aqui na região os municípios procuram uma identidade turística, Socorro tem o turismo de aventura. O sr. acha que Serra Negra tem condição de ter essa identidade para o turista?
Sidney Ferraresso – Quando criamos o Conselho de Turismo fizemos uma pesquisa com 20 itens para votar sobre em qual perfil estaria enquadrada Serra Negra: negócios, aventura, saúde, eventos etc. Foi votado, com cédula, nem votei porque achei que eram eles quem decidiam. Quem ganhou foi turismo de eventos. Isso gerou uma ciumeira... Como turismo de evento? Achavam que era cidade da saúde, das águas. Minha opinião pessoal sobre os que dizem que não há o que fazer em Serra Negra, que o turista só vem aqui para fazer compra na Coronel [Rua Coronel Penteado, onde se localiza a maioria do comércio]: e não está bom, também? Quantas pessoas sobrevivem do turismo? Nós temos o teleférico, teremos a reforma no Cristo, colocaremos lá elevador para a acessibilidade. O turista que vem para Serra Negra não está muito preocupado com locais turísticos para visitar. Eu acho que a vida está tão corrida, que o turista quer vir aqui para tomar um chope, escutar uma música, fazer uma compra. Eu penso assim. Minha opinião, posso estar errado, mas acho difícil que o turista venha aqui e queira visitar o Parque São Luís. Lá, o que aconteceu foi o seguinte: antes, o trenzinho levava os turistas dentro do parque, o pessoal tomava a água... Mas depois fizeram uma escola, construíram um alambrado e sem o trem os turistas não foram mais. Com essa revitalização vão incluir visitas, a cachoeira é bonita. É um bairro difícil, de baixo poder aquisitivo. 

Viva! Serra Negra – Aqui na área da prefeitura, foi realizada uma revitalização nas fontes. Tem alguma coisa prevista para a parte de trás das fontes?
Sidney Ferraresso – Não. Estamos pensando se compensa. Cercamos o parque e melhorou muito para o hotel, que agora enxerga o alambrado. Tivemos um problema com a água que jorrou. Hoje, temos três bicas de água, mas só que a imagem que ficou foi que inaugurei e tivemos de refazer o encanamento que estava furado. Mas hoje está funcionando e ao invés da borracha preta temos cano de inox para trazer a água. Conseguimos resolver e ter água. A água está acabando. A vazão da nascente é 80 litros por hora. É nada. Estudei com meus assessores para colocar torneira que abre e fecha, torneira antivandalismo, não é possível que alguém quebre. Fizemos duas caixas de cinco mil litros de aço inox. Fechamos a fonte às 22 horas e abrimos às 6 horas. Assim, está funcionando perfeitamente. Temos 10 mil litros lá. Cada um que vai lá usa, a fonte está se recuperando. São as fontes mais centrais. Aqui tem sanitário, tem fraldário perto das fontes. Isso é fundamental para manter nossa condição de estância hidromineral.

Viva! Serra Negra – A construção do poço artesiano foi outro ponto de polêmica.
Sidney Ferraresso – Fiz esse poço. Ele está interligado com a nascente. Já que estava mexendo ali e é dinheiro do Estado, fiz um poço artesiano, pensando nos nossos netos. O poço está fechado. Do jeito que está indo aqui, logo, de 80 litros por hora, nem com torneira da fonte fechando vai dar. Não vamos usar, não estamos usando, o poço tem 130 metros, água profunda. O que vem aqui não é uma gota do poço. Vou fazer também no Santo Agostinho. 

Viva! Serra Negra – E o Centro de Convenções?
Sidney Ferraresso – Um dos pontos da minha campanha era privatizar o Centro de Convenções. Para a prefeitura ele não compensa. Teria de ter um evento por semana, mas não se consegue. No primeiro ano de minha administração, março ou abril, o secretário de Turismo do Estado na época trouxe um grupo francês, os executivos vieram aqui, andamos, mostrei tudo, mas não se interessaram. Também é difícil. Quem sabe vocês ajudam, acham quem queira. Fizemos um ofício para o governador, o Doria [João, governador do Estado de São Paulo], que é uma estrela, viaja muito, vai ser até candidato à Presidência da República. O Rodrigo Garcia (DEM), vice-governador assume muito, ele é do meu partido, então fiz um ofício e tirei umas fotos do auditório e mandei para o governador. Entreguei em Bragança Paulista para ele. Ele conhece muita gente, quem sabe alguém se interessa. A solução seria privatizar. Um complexo desses teria de ter uns 20 funcionários. Nós temos meia dúzia para limpeza. Temos água própria, uma nascente, debaixo do palco. Fizemos uma caixa d'água, com uma bomba e tem gente que usa.

Viva! Serra Negra – E o balneário? 
Sidney Ferraresso – O Bimbo [ex-prefeito Antônio Luigi Ítalo Franchi] reformou o balneário inteirinho. Está com banheiras novas. Não se acha quem queira administrar. Fizemos três licitações, chamamento, não aparece ninguém. O custo é R$ 1 mil por mês o arrendamento para entrar e tocar, mas não acho interessado.

Viva! Serra Negra – O sr. acha que isso ocorre por causa da economia ou em virtude da falta de interesse? 
Sidney Ferraresso – Não sei. Apareceu um interessado. Tem várias saunas, falou comigo e eu disse que a água não precisava pagar, mas ele queria também a energia elétrica. Mas aí não tem jeito. Não quis. 

Viva! Serra Negra – Quando o sr. fala em privatizar, qual é o modelo de privatização que o sr. pensa?
Sidney Ferraresso – Não sei exatamente. Seria uma concessão por 20 anos para empresa de eventos. Precisaria de uma estrutura forte, vender o centro de convenções na grande São Paulo, no Brasil todo: “Venham fazer convenções." Falei para o meu secretário do Turismo: coloca um terno Armani e vai visitar as empresas, vai na Chevrolet, Mercedes, oferecer o centro de convenções, 149 quilômetros de São Paulo, estrada boa, de graça. Traz duas mil pessoas por semana...

Viva! Serra Negra – O sr. não acha que tem algum tipo de indústria que Serra Negra poderia atrair?
Sidney Ferraresso – Aqui só se pensa em turismo. 



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