//ENTREVISTA// O prefeito abre o jogo (1)

Prefeito Sidney Ferraresso: "Este ano, se Deus quiser, será o nosso ano"

Salete Silva e Carlos Motta

O prefeito Sidney Ferraresso (DEM) chega ao terceiro ano de governo com a expectativa de entregar muitas obras para a população serrana, mesmo ressalvando que o lema de sua administração é "o ser humano em primeiro lugar", como disse na longa entrevista que deu ao Viva! Serra Negra. Para ele, a saúde e a educação públicas da cidade vão bem, as contas estão em dia, os turistas gostam do que veem, mas mesmo assim, afirmou, "hoje as coisas são mais difíceis, a fiscalização é muito maior, a própria exigência é maior".

Nesta primeira parte da entrevista, o prefeito fala ainda sobre seus planos para a vida pública, seu relacionamento com a Câmara Municipal e sobre um dos maiores problemas enfrentados atualmente pelo seu governo, a recomendação do Ministério Público para que exonere das funções de médico da rede pública o seu vice, Rodrigo Magaldi (DEM). "O Rodrigo, onde ele está, leva uma multidão que quer ser atendida por ele", disse Ferraresso em defesa de seu vice.

A seguir, a primeira parte da entrevista:


Viva! Serra Negra – O sr. já está em mais da metade de sua administração, qual é a avaliação que o sr. faz do seu mandato?
Sidney Ferraresso – Primeiramente, quero agradecer a oportunidade de poder estar falando com vocês. É uma oportunidade de a gente expor alguma coisa. Hoje em dia a administração pública está muito diferente. Estou na vida pública há 53 anos. Já fui vereador três vezes e vice-prefeito duas vezes. Hoje as coisas são mais difíceis. A fiscalização é muito maior, a própria exigência é maior. Tem o Tribunal de Contas e o Ministério Público. E a gente tem de aprender a lidar com isso. Estou em mais da metade do meu mandato e tenho dito sempre que posso: procuro investir no ser humano. Acho que as obras de concreto são necessárias, mas o meu lema é o ser humano em primeiro lugar. Serra Negra é uma cidade pequena, com aproximadamente 30 mil habitantes, sem contar os turistas, e nós temos hoje aqui qualidade boa de ensino, que é tradição de muitos anos, não temos crianças fora da escola nem fora da creche. Temos uma saúde de qualidade. Difícil a saúde hoje. Sou obrigado a gastar 12% do que arrecado na saúde, gastamos 27%, e mesmo assim há reclamações, porque hoje está difícil para todo mundo. Remédio é caro e a prefeitura tem outras prioridades. Na área odontológica recebemos um prêmio por termos um dos melhores atendimentos do Estado de São Paulo. Na educação, uma pesquisa nos colocou em 18º lugar do Brasil. Acho que a cidade é limpa, é acolhedora, e estamos mantendo isso. Nossos fornecedores recebem em dia. Hoje, o que é obrigação virou virtude. Os funcionários contam com salário em dia. A gente paga antes do quinto dia útil. Este ano, que é o terceiro do mandato, é quando os prefeitos acham que é o ano em que o governo deslancha. Primeiro ano tem de arrumar a casa, montar equipe, depois planejar, e este ano temos muitas obras com dinheiro do governo do Estado e temos muita coisa para fazer. Este ano, se Deus quiser, será o nosso ano. 

Viva! Serra Negra – O sr. acha que o problema com o vice-prefeito, Rodrigo Magaldi, objeto de uma recomendação do Ministério Público para ser exonerado de suas funções como médico da rede municipal, afeta o cenário político nas eleições de 2020? O sr. pensa em reeleição?
Sidney Ferraresso – É normal o prefeito pensar na reeleição. Mas não pensei nisso ainda. Apesar que daqui a um ano, junho de 2020, a campanha já estará nas ruas. Mas não sei, o grupo é quem vai decidir.

Viva! Serra Negra – Mas se o sr. quiser ser candidato o grupo não se opõe?
Sidney Ferraresso – Não, não teria problema algum.

Viva! Serra Negra – O dr. Rodrigo Magaldi será afastado? 
Sidney Ferraresso – Não, não sei ainda. 

Viva! Serra Negra – O que o sr. acha dessas denúncias contra ele? 
Sidney Ferraresso – Isso é uma denúncia da oposição. A denúncia é do vereador Ricardo Fioravanti, o Toco, pelo o que a gente ouve. O promotor não disse. O Rodrigo, onde ele está, leva uma multidão que quer ser atendida por ele. No hospital, nós implantamos o segundo médico, porque só tinha um médico para atender o dia inteiro. Colocamos o segundo médico. Ficavam 40 pessoas para atender e só tinha um médico. Mas que ninguém nos ouça, no hospital é urgência e emergência. Mas vá lá na segunda-feira... é muita gente. Agora, é assim: até às 19 horas, dois médicos, e um médico depois. Dos dois médicos, um deles era o dr. Magaldi e todo mundo queria ser atendido por ele.  Nas unidades de saúde das Três Barras e no Refúgio, por exemplo, ele tinha dez consultas agendadas e fazia mais 50 consultas espontâneas, com gente que ia lá na hora. O promotor acha que é muita gente, mas ele atende todo mundo. 

Viva! Serra Negra – Qual é a sua opinião, sob o ponto de vista ético, ele ser vice-prefeito, aliado do grupo político do sr., e simultaneamente médico da rede pública de saúde? 
Sidney Ferraresso -  É difícil isso aí porque, por exemplo, o vice-prefeito é um cargo de expectativa, se ele não quiser vir à prefeitura não precisa, porque ele só vai ocupar o cargo de prefeito o dia em que eu tirar licença, entrar de férias ou morrer. Senão, ele nem precisa vir aqui. É um cargo de expectativa. O promotor outro dia esteve aqui e isso vai ser discutido, porque a Constituição fala em acúmulo de cargos, só pode ocorrer se for médico ou professor. Falei para o promotor, essa é a minha opinião, esses cargos que a Constituição cita são cargos funcionais. O cargo dele, de vice-prefeito, ele foi eleito. Ele teve entre 7 mil e 8 mil votos. Não é cargo de acumulação. Vão dizer que se trata de dinheiro público, mas é cargo de expectativa. Estou para sair de férias porque senão vou ter um enfarte e sair daqui num caixão e ele vai assumir por um mês. Quando assumir, ele não vai atender.

Viva! Serra Negra -  Talvez o promotor esteja se apegando também ao fato de que ele tem salário como vice-prefeito.
Sidney Ferraresso – Todos têm salário. O dele é R$ 6.500. Isso é discutível. 

Viva! Serra Negra – Ele é terceirizado?
Sidney Ferraresso – Isso. Só que a empresa, o Conisca [Consórcio Intermunicipal de Saúde do Circuito das Águas], do qual sou presidente, tem empresas credenciadas para toda a região. A empresa contrata quem ela quiser. A empresa contratou o dr. Rodrigo, como poderia ter contratado outro. O promotor entende, o que vai ser discutido, que pelo fato de ele ser vice-prefeito ele leva vantagem sobre os outros, além do caso das consultas, que o promotor acha que são muitas em pouco tempo. 

Viva! Serra Negra – Mas o sr. não vai afastá-lo?
Sidney Ferraresso – Não, não sei. Tenho 15 dias para decidir, estou pensando, consultando os meus advogados. Nesta semana ele parou, porque ele não estava com cabeça para trabalhar. Mas não mandei parar nada. Foi um horror entre os pacientes agendados, que pediam pelo dr. Magaldi. Não sei como vai ficar semana que vem.

Viva! Serra Negra – Como é hoje a relação do Executivo com o Legislativo? 
Sidney Ferraresso – É bom o nosso relacionamento. Temos oito vereadores. Fui vereador 14 anos. O vereador está mais embaixo da escada: é vereador, vice-prefeito, prefeito, deputado estadual, depois federal, o governador e o presidente. O vereador está lá embaixo. Só que quem você encontra na rua é o vereador. Vai falar com o presidente, com o governador que você votou... Então, há esse desespero de querer atender as pessoas. Dá um desespero de atender as pessoas e a gente vai fazendo isso. Tenho um bom relacionamento, eles me ajudam muito. Até gostaria de colocar aqui que os projetos que mando, dois ou três por semana,  mando todos  em caráter de urgência e eles têm 45 dias para votar, mas mando numa semana e na outra já está aprovado. São sérios. Faço reunião todas as segundas-feiras com eles. 

Viva! Serra Negra – E a oposição?
Sidney Ferraresso – Já fui vereador da oposição quatro anos. É muito diferente. Hoje tem as redes sociais e logo ninguém vai querer ser prefeito.

Viva! Serra Negra – Há quem diga na cidade que a Câmara atual é a pior dos últimos tempos. O sr. acha isso?
Sidney Ferraresso – Não, sempre os últimos são os piores. Na hora que saírem, os piores são os que entrarem. 

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