//OPINIÃO// Contra a crise, ideias inovadoras


Salete Silva

Iniciativas inovadoras adotadas por municípios de diferentes países incluindo o Brasil têm contribuído para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e promover o desenvolvimento sustentado das cidades.

Detroit, nos Estados Unidos, por exemplo, transformou seus terrenos desocupados em espaços verdes que ajudarão a conter o volume de água pluvial.

O projeto da cidade norte-americana propõe dobrar a infraestrutura verde para acabar com os alagamentos que afetam a população em épocas de chuva.

No município de Macatuba, interior paulista, distante 280 quilômetros da capital, com pouco mais de 15 mil habitantes, o Projeto Lixo Rico uniu a cidade em torno das atividades de coleta seletiva.

O programa iniciado em 2017 contava no ano passado com 16 catadores, assegurando um recolhimento seletivo dos resíduos sólidos domésticos em 100%. A iniciativa não só dá uma solução sustentável para o lixo da cidade como estimula a criação de empregos e renda.

Uma das iniciativas mais bem-sucedidas e adotadas nos últimos anos por municípios de diversas partes do país é o Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável, criado pioneiramente pelo município de Cascavel, Paraná, em 2012, durante a administração de Edgar Bueno (PDT), que iniciou a articulação entre administração municipal e empresários na sua primeira gestão entre 2001 e 2004.

A partir de 2014, municípios de diversos Estados começaram a copiar a ideia. O Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel é integrado por mais de 65 entidades representativas da cidade que, de forma voluntária, contribuem com desenvolvimento local, estimulando a criação de empresas e emprego em todos os segmentos econômicos.

Mesmo em meio à crise econômica do país, Cascavel comemorou sua classificação como a 23ª melhor cidade do Brasil em novembro de 2018, quando completou 67 anos, deixando para trás pelo menos sete capitais brasileiras num ranking patrocinado pela revista Exame.

Com cerca de 325 mil habitantes, Cascavel, por meio da articulação empresarial promovida pelo Conselho, elegeu suas vocações econômicas. Uma delas é a agricultura que recebeu incentivo para a produção de boas safras.

Outra área priorizada pelo Conselho foi a educação, com a criação de um polo cultural e educacional que valorizou do ensino fundamental até a formação do doutorado, tornando o município referência em formação de mão de obra especializada técnica.

Em comparação com grandes centros, Cascavel oferece atrativos como mobilidade no trânsito e acesso logístico, além de limpeza pública, no que foi considerada a segunda melhor do Brasil, além de qualidade de vida.

Iniciativas como essas são uma resposta para desabafos de serranos cada vez mais frequentes nas redes sociais da cidade, como o de Rosângela Souza, que circulou no início desta semana, questionando a identidade turística de Serra Negra e cobrando das autoridades municipais ações para oferecer lazer não só aos visitantes como também aos serranos.

Em seu comentário Rosângela diz que Serra Negra já não pode ser identificada mais nem como cidade da saúde nem das malhas, além de oferecer como opção de lazer, na sua opinião, apenas os bares da praça central com preços inacessíveis aos moradores.

O comentário da moradora recebeu apoio de internautas, que em suas respostas reforçaram as críticas à ausência de lazer na cidade e às políticas públicas municipais que têm como alvo principal, segundo os comentários, apenas turistas em detrimento dos interesses dos moradores.

Os Conselhos de Desenvolvimento como o de Cascavel e demais práticas municipais bem-sucedidas dentro e fora do país podem servir também como modelo de alternativa neste momento em que economistas preveem um crescimento da economia brasileira abaixo de 1% para 2019, causando apreensão e decepção não só em serranos como Rosângela, mas na população brasileira de forma geral. 

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