//CRÔNICA// Um dia de domingo


Carlos Motta

Na Praça João Zelante o maestro Roberto Perondini leva a batuta para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita, enquanto a música da Banda Lira enche os ouvidos e os corações de um público ávido por recordar outros tempos, outros dias. 

O  sol colore ainda mais a manhã de domingo em Serra Negra. Sem cerimônia, esquenta o ar fresco típico de outono e acalma os espíritos dos que previam nuvens e tempestade.


A estátua do impagável Ronald Golias recebe os visitantes como se eles fossem velhos conhecidos que chegam em casa para jogar conversa fora e esquecer dos dissabores desta vida, nem que seja por um breve instante.

Mas há sinais de um desalento que sorrateiro, implacável, se espalha por todos os cantos: a velha senhora exibe singelos panos de prato a todos que por ela passam, como se eles fossem a tábua de salvação para mais um dia de sobrevivência; o outrora fino e caro restaurante amontoa trastes defronte de sua porta, fechada, cerrada, encerrada; pedintes estendem mãos que buscam centavos capazes de amainar a fome constante.


O violinista em traje de gala atrai a atenção de quem passa em frente do bar mais antigo do centro da cidade, enquanto o trenzinho que desce lentamente a rua apita para chamar a atenção dos turistas que olham vitrines, carregam sacolas de compras e vão e vem como num ritual impossível de ser mudado.

Há mais e mais placas anunciando sabores, tamanhos e modos de usar do mágico açaí, fruta que restaura forças e ajuda a combater a crise econômica.

Os carrinhos da Praça da Prefeitura aguardam em fila seu público cada vez mais raro, essas crianças de hoje que crescem em frente de telas multicoloridas.


A enorme picape estaciona na faixa de segurança de pedestres. Dela sai um homem de bem que atravessa a rua e vai tentar a sorte na lotérica.

Azar de quem quer atravessar a rua com segurança...

Tudo neste domingo recende a vida. É Dia das Mães, poderia ser qualquer dia. Serra Negra é o Brasil que embarca na aventura de uma montanha-russa que parece interminável.



Comentários

  1. Pois é,cara,vc não reparou que os leões de Judá ali no coreto são gays?! Q o Sr João Zelante em seu novo lugar("Não aguento mais só ver a Prefeitura.. quero voltar pro meu velho lugar onde a visão é mais interessante,aphetuosa.. ) está p da vida!? Não t pintou um interrogação de por quê aquela praça chama-se JF Kennedy, turista q veio infinitas vezes no século passado pra Bkack Hill e fez muitas coisas pela cidade? Deixa pra lá. Vamos pedir outra breja gelada e ouvir a furiosa atacar outro dobrado.Em dó maior.

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