//OPINIÃO// A imprevidência social


Carlos Motta

Meses atrás, um amigo meu de Jundiaí veio com a família visitar Serra Negra. Era um feriado, a cidade estava com bastante gente. Ele rodou pelas ruas centrais, mas não conseguiu achar uma vaga para estacionar. Desanimou, pegou a estrada e foi para Socorro.

- Percebi - me disse - que a maioria dos carros estacionados era da cidade, isso em pleno feriado. Desconfio que dos próprios comerciantes...

Pois é, ele tem razão. 

Muitos comerciantes serranos fazem isso. Ir de carro para a sua loja é cômodo, mas ao estacionar em frente dela, ele tira a vaga de um turista, justamente esse sujeito que gosta muito de ser bem tratado.

Esse é o tipo de atitude que só prejudica os negócios, embora dê a quem a pratica a ideia de que, de certa forma, ele leva uma vantagem.

Mas, vamos raciocinar, nem sempre algo que, de início parece um benefício, se sustenta ao longo do tempo.

É o caso, por exemplo, dessa "nova Previdência" que o governo federal está empurrando na goela dos brasileiros.

O empresário, grande, pequeno ou micro, pode achar que ela é uma boa ideia, pois afinal seus custos vão baixar e, teoricamente, vai sobrar mais dinheiro para ele.

Tudo seria uma maravilha se não fosse um detalhe essencial: a médio e a longo prazos os consumidores de seus produtos e serviços vão minguar, na mesma proporção que vai diminuir a massa salarial, ou seja, a soma do dinheiro que circula no país.

Ou alguém pensa que com a "nova Previdência" - essa que vai obrigar os jovens trabalhadores a arcar inteiramente com os custos da aposentadoria e vai achatar os benefícios dos pensionistas atuais - os salários vão aumentar, mais empregos vão ser criados e o Brasil se transformará na terra do mel e do leite?

Sei não...

Acho que os nossos empresários pensam muito neles e pouco em seus funcionários.

Da mesma forma que os comerciantes serranos pensam mais em sua comodidade do que na dos turistas.

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