//HISTÓRIA// O sacrifício de Tiradentes


Marcão Moreira

Nesse domingo, 21 de abril, lembramos os 227 anos da morte do mineiro Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como “Tiradentes”, patrono da Inconfidência Mineira e o primeiro herói da República.

Os inconfidentes eram um grupo de pessoas de várias posições sociais que viviam na Capitania das Minas Gerais e que em fins do século XVIII passaram a se reunir em segredo para traçar planos para ações que levassem a independência do Brasil, daí serem conhecidos como Inconfidentes Mineiros.

Na juventude, Tiradentes viveu como comerciante e também trabalhou como “dentista prático” (não formado), daí seu apelido. Em 1775, aos 29 anos, ingressou na carreira militar chegando ao posto de alferes do Regimento de Dragões da Capitania das Minas Gerais, uma tropa de cavalaria que tinha como principal missão o combate aos salteadores que assaltavam os viajantes e mineradores da capitania.

Era um homem falante, que criticava abertamente Portugal e a situação miserável da maior parte da população brasileira na época, explorados cruelmente pelos portugueses. Embora soubesse ler e escrever, era um homem rude, do povo, alguém muito diferente dos demais inconfidentes, pessoas cultas e ricas.

Sendo considerado o mais radical dos inconfidentes, sua missão era ir ao Rio de Janeiro, preparar o levante contra Portugal, bem como seria um dos principais responsáveis pela revolta das tropas brasileiras que se encontravam em Minas Gerais.

Tendo sido traído por um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, Tiradentes foi preso na cidade do Rio de janeiro em 10 de maio de 1789, tendo assumido sozinho toda a culpa pelo movimento dos inconfidentes, na intenção de salvar os demais da prisão ou da morte. 

Por ser o único dos inconfidentes que não pertencia a alguma família rica e influente, ele foi o único deles condenado à morte, em 17 de abril de 1792. Sua resposta aos juízes, após a leitura de sua sentença, demonstrou toda a sua coragem: “Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria pelo meu país.”

Na manhã de 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro, Tiradentes caminhou calmamente pelas ruas, no trajeto que saiu da Cadeia Pública e seguiu até o Largo da Lampadosa, onde havia sido erguida uma forca. Pediu apenas que sua execução fosse rápida e em alguns minutos seu corpo já pendia sem vida. 

Após sua morte seu corpo foi esquartejado e os pedaços foram conservados em sal e pendurados ao longo do caminho entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais e sua cabeça pendurada em um poste no centro de Vila Rica, hoje Ouro Preto, como exemplo e ameaça de Portugal para aqueles que sonhassem com a Independência do Brasil.

Decorridos mais de dois séculos desde sua luta e morte por um país livre e mais justo, fica a pergunta:  

- Onde estão os brasileiros de hoje, enquanto nosso povo, supostamente independente, vem sendo sistematicamente vítima de toda sorte de explorações e injustiças? Até quando assistiremos passivamente a  todas as injustiças de que somos vítimas todos os dias? Valeu a pena toda a coragem e sacrifício de Tiradentes?

Que a data não seja esquecida e nos sirva de exemplo e reflexão...

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