//EDUCAÇÃO// Cultura indígena invade escola

Rosely: crianças têm de saber mais sobre a diversidade cultural do país

Carlos Motta

O "Abril Indígena", uma série de ações que todos os anos mobiliza milhares de brasileiros para dar visibilidade aos problemas dos povos indígenas, não passou batido em Serra Negra. Ao mesmo tempo em que era montado em Brasília, na quinta-feira, 27, o 15º Acampamento Terra Livre, que deve reunir cerca de 4 mil índios que buscam serem ouvidos em suas reivindicações, a bióloga Rosely Sanches, que viveu 20 anos no Parque Indígena do Xingu, falava sobre a cultura dos mais antigos habitantes do país para uma plateia entusiasmada, participante, curiosa e inquieta - os alunos da E.E. Deputado Romeu de Campos Vergal, no bairro São Luiz.

Rosely, moradora de Serra Negra, que atualmente dá aulas de economia e desenvolvimento sustentável na Fatec de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, foi à escola convidada pela professora Camila Formigoni e acredita que as crianças brasileiras precisam conhecer a riqueza sócio-cultural do país e quem "vive e sobrevive da floresta". 

Para tanto, levou à criançada da Romeu de Campos Vergal a sua larga experiência no contato com os indígenas, reforçada por uma série de fotos que mostraram parte de sua cultura - quem são, onde vivem, como vivem, quantos são...

Camila, que ensina ciências da natureza, português e matemática, diz que a ideia de levar a bióloga para conversar com seus alunos surgiu de forma natural:

- Convivendo diariamente com as crianças, a gente conversa com elas sobre vários assuntos, entre eles esse das tribos indígenas. Conheci a Rosely e vi que ela, pela sua experiência de ter vivido entre os indígenas, poderia passar informações muito importantes para as crianças. 

A professora lembra ainda que a escola desenvolve um projeto de compostagem, que inclui o cultivo de uma horta orgânica. "E isso - diz - casa com o que ensino sobre o meio ambiente, tudo acaba fazendo parte de um ciclo de temas que se completam."


Os alunos da Romeu de Campos Vergal: plateia entusiasmada e participante 

Para Tereza F. Belardin, desde 2010 diretora da escola, que conta com 110 alunos do Fundamental 1, levar profissionais de várias áreas de atuação para falar sobre sua experiência para as crianças é "muito importante":

- Veja, elas não têm essa visão de mundo. Ficam só aqui no bairro, algumas até raramente vão ao centro da cidade. Então, essas palestras são uma maneira de mostrar a elas uma outra realidade, de fazê-las ver que elas podem ir além, que se não estudarem e não forem persistentes, não terão condição de mudar as suas vidas.

Tereza fala com franqueza da necessidade de a escola melhorar seu desempenho educacional, medido pelo Saresp, mas acredita que, pela própria carência do público que atende, o trabalho dos professores da Romeu de Campos Vergal não é só educacional:

- Tem essa parte que chamo de espiritual... O nosso envolvimento vai além das aulas. Nossa dinâmica é diferente, muitas vezes acaba a aula e o aluno não vai embora, vem conversar com a gente sobre algo que o afeta. São muitos problemas sociais aqui no bairro.

No vídeo abaixo, Rosely Sanches mata a curiosidade das crianças sobre aspectos da cultura indígena e alunos da E.E. Deputado Romeu de Campos Vergal contam o que sabem sobre os índios brasileiros.



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