//OPINIÃO// Que pena, não somos uma ilha


Carlos Motta

A vocação de Serra Negra para o turismo é inegável. Assim como a importância de seu setor de serviços. Por isso, qualquer iniciativa dos serranos para melhorar a estada dos visitantes, assim como de divulgar a cidade de maneira mais eficiente, é louvável - e necessária.

Tanto faz que essas ações sejam iniciativa do Poder Executivo ou dos cidadãos serranos, como essa recente, denominada "Comércio Forte".

O importante é que elas visem o desenvolvimento econômico e social da comunidade.

Há algo, porém, que os autores desses projetos têm de, obrigatoriamente, sob pena de vê-los naufragar, se ater: Serra Negra não é uma ilha, não está isolada do restante do Brasil.

Sendo assim, o município sofre, como todos os outros, as consequências da crise econômica instalada no país.

Noves fora todo o palavrório dos analistas e afins, a verdade é uma só: sem dinheiro em circulação, a roda da economia não gira.

Não existe fórmula mágica: os negócios vão prosperar apenas se as pessoas tiverem dinheiro para gastar.

E elas terão dinheiro apenas se estiverem empregadas, recebendo salário digno em data certa.

Um país não pode viver de "bicos", subemprego, da venda de salgadinhos, de bugigangas, de panos de prato... 

Tudo isso são migalhas, meios de sobrevivência, nada mais.

A massa de desempregados no país, somada à inércia para diminuí-la, indica que a crise econômica não será superada tão cedo - isso na hipótese mais otimista.

Os serranos que se dizem empreendedores deveriam estar cientes dessas trivialidades. 

De nada adianta ter uma cidade linda, acolhedora, com inúmeros atrativos para os turistas, se eles não têm dinheiro para chegar até ela - quanto mais para gastar nela.

A microeconomia depende da macroeconomia. 

E essa, no Brasil de hoje, está profundamente doente, quase em coma. 

Comentários

  1. Excelente sua crônica Mota, sintetizou a tragédia econômica que vivenciamos, acrescentando somente que absolutamente nada vem sendo implementado na macroeconomia para que retomemos um sinal mínimo de crescimento. Grato

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