//AMBIENTE// Asfalto e chuva, mistura perigosa


Walter Paron

Apesar da ambiguidade de contrariar uma lógica - em tese uma lógica não se contraria -, o tema a ser abordado envolve uma prática persistente nos centros urbanos, como em Serra Negra, que, de forma irresponsável, ocasiona perdas de vidas e prejuízos irreparáveis.

Afinal de que se trata essa tal “lógica” a ser contrariada? É justamente o descaso com que o meio ambiente é e sempre foi afrontado, nesse caso em particular no que concerne às enchentes e alagamentos ocasionados pelo desprezo a políticas públicas adequadas, que visem um crescimento urbano minimamente organizado, aumentando áreas de parques, praças e jardins para ampliar a absorção da água das chuvas, e evitando que o fluxo natural delas (jusante*) sobrecarregue a capacidade de córregos e rios, afetando diretamente quem possui edificações próximas a essas áreas.

Daí então que a “lógica a ser contrariada” acontece, e de que forma? Na adoção da quebra de paradigmas que preconizam a utilização do “grande vilão” da questão, o asfalto! Esta pontuação não tem intenção de demonizar o uso do asfalto e sim reavaliar os locais a ser utilizado, ou seja, melhor dimensionar sua aplicação e, sempre que possível, intercalar seu uso com pavimentos mais permeáveis, como paralelos, blocos autotravantes e também grelhas para captar grandes níveis de precipitações e canalizá-las para locais onde a topografia colabore para que não ocorram novos alagamentos.

Outra medida que não se observa adotada são nas vias urbanas secundárias e terciárias, onde o fluxo de cargas são menores, e que poderiam ser pavimentadas com materiais mais permeáveis, como os já citados.

Para que tais ações passem a ocorrer é premente que haja atuação do cidadão em duas frentes, na primeira no sentido de romper com a lógica perversa do asfaltamento a qualquer custo, e na segunda, passar a apontar para as administrações públicas a necessidade de se romper com esse ciclo em favor do meio ambiente e assim proteger vidas e preservar patrimônios que são afetados pela cultura da lógica perversa. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

(*Jusante: é a direção em que correm as águas de uma corrente fluvial. É o fluxo normal das águas, de um ponto mais alto para um ponto mais baixo.)

Comentários

  1. Sim,tem a ver o asfalto, o descaso com o MA e a falta de exercício de cidadania pelo povo,na maioria,infelizmente,alienado.Existe uma coisa importante q,a meu ver é anterior:a estrutura de água/ esgoto é completamente defasada.Ultrapassada. E nada se faz.

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