//FERNANDO PESCIOTTA// A sinuca do petróleo



Na mais recente série de entrevistas a emissoras de rádio de várias regiões do País, o presidente Lula falou nesta quarta-feira à Rádio Diário FM, de Macapá, cidade do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

O Amapá é também o Estado do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. Ou seja, apesar da distância, da pequena população e a quase nula contribuição para a economia do País, o Amapá concentra interesses.

Lula sabe que se der entrevista para uma rádio que tenha dois ouvintes, terá ampla repercussão. Ele aproveita para mandar recados.

Desta vez, entre outros recados, Lula defendeu a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Disse que o Ibama está de “lenga-lenga”, parecendo agir “contra o governo”.

Mesmo que não fosse a favor da exploração, Lula a defenderia naquela circunstância, para agradar aos interesses políticos. Alcolumbre só pensa nisso, para se cacifar a voos futuros.

A afirmação de Lula está sendo usada, óbvio, para criar pinimba com o Ibama, cujo presidente, Rodrigo Agostinho, fez o que deveria fazer, colocando água na fervura. Por mais irritado que possa ter ficado, tirou de letra ao dizer que está acostumado com pressão.

A questão é sensível e cheia de simbologias. Lula deve ter usado o termômetro para medir a temperatura e consequências, ônus e bônus do que disse. Nada está decidido, mas o terreno, pantanoso, está preparado.

Pé de Meia – O TCU liberou o pagamento do programa, mas continua a ingerência ao dar 120 dias para o governo incluí-lo no Orçamento. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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