//FERNANDO PESCIOTTA// A fuga que não é fuga



Desde o começo do ano, setores da imprensa brasileira têm ressaltado a “fuga” de capital no País, na maior parte das vezes sem acrescentar as devidas explicações, sem contextualizar.

A “notícia” tem sido explorada em grupos de WhatsApp e nas redes sociais para, inapropriadamente, expor suposta fragilidade da política econômica do governo Lula.

É preciso deixar claro que a saída de capital da Bolsa não tem absolutamente nada a ver com a política econômica ou suposta fraqueza da Bolsa brasileira. Nada, zero.

O que tem levado “investidores” estrangeiros a retirar dinheiro da B3, e de bolsas de todo o mundo, é a perspectiva de juros altos por mais tempo nos EUA, o que atrai o capital para o porto seguro dos títulos da dívida americana, que é gigante e paga bem.

Os estrangeiros terminaram o primeiro trimestre com saques de R$ 22,90 bilhões no mercado secundário (ações já listadas) da B3. Ainda assim, desde o começo do governo Lula, o saldo é positivo, pois ao longo de 2023 os estrangeiros aportaram R$ 44,85 bilhões na Bolsa.

Recentemente, novos indicadores de atividade da indústria americana mostraram resiliência, o que levou o Fed, o banco central dos EUA, a adiar um possível corte dos juros para ao menos junho. Pagando juros altos, o tesouro americano atrai o capital.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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