//NOTAS SERRANAS// Prefeitura quer blocos de Carnaval com "alegria contagiante". Mas sem política



Blocos controlados

A Prefeitura de Serra Negra informa, em publicação em rede social, que abriu inscrições para blocos de Carnaval. Mas não se animem os verdadeiros foliões - a maior festa popular do Brasil, pelo menos na atual administração pública, segue regras rígidas e estritas - é bom lembrar que anos atrás o prefeito que antecedeu o atual proibiu o funk em terras serranas. Assim sendo, o "Carnaval em Família" deste ano determinou que os blocos e "abadas" (sic) vão poder desfilar somente nos dias 10 e 12 de fevereiro, sábado e segunda-feira, na Avenida Laudo Natel, a partir das 18 horas. Detalhe: "O horário indicado neste artigo poderá ser alterado pela Administração Pública, a qual comunicará a alteração junto às redes sociais da Prefeitura", como explicita a sisuda regulamentação da festividade editada pelo Executivo local.

Carnaval na caserna

A regulamentação dos desfiles tem outras regras que mais lembram a disciplina dos quartéis do que a espontaneidade das ruas. Algumas delas: cada bloco/abada (sic) deverá ter número mínimo de dez "foliões"; os integrantes do bloco/abada (sic) "deverão trajar camiseta, abadá ou outra vestimenta que o caracterize, priorizando a descontração, o bom humor e a alegria contagiante" (sic); é vedado "o uso de mensagens, ainda que subliminares, estampadas em adereços, fantasias, camisetas, abadás e ou quaisquer materiais dos blocos/abadas (sic), que façam apologia ao crime, que incite (sic) à violência, ou que apresente (sic) qualquer forma de discriminação ou preconceito e política (sic)".

Sem nus, sem seminus

Além dessas, as regras da regulamentação proíbem "o desfile com qualquer tipo de bebida" (sic) e vedam a participação de integrantes "nús ou semi-nús” (sic), assim como informam que o "integrante do bloco e/ou abada (sic) que se apresentar em estado de embriaguês (sic), sobre (sic) efeito de entorpecentes, entre outras situações que possam afetar a segurança dos participantes e o bom andamento do desfile, será convidado a se retirar amigavelmente, cabendo em caso de negativa, o auxilio das forças de Segurança Pública". 

Sic, sic, sic

O leitor pode ter estranhado o número de vezes que foi usada, nas notas anteriores, a palavra "sic", que significa "desse modo, assim mesmo". É que não havia outro modo de mostrar o nível do regulamento preparado pela Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra para os desfiles de, como escreveram, "blocos e/ou abadas" - esclarecendo que abadás (com acento) são espécies de batas usadas por foliões e não grupos de foliões, como creem os organizadores do "Carnaval em Família". A julgar pela destruição da língua portuguesa que promoveram no regulamento, não dá para esperar grande coisa do Carnaval oficial deste ano. Pode, contrariando a lógica, ser ainda pior que o do ano passado. 

Tudo em família

Depois do "Carnaval Família" do ano passado, Serra Negra teve o "Réveillon Família". Já dá para perceber a linha do marketing do prefeito Elmir para tentar a reeleição - vai ser a família Chedid cuidando das famílias serranas. Algo bem antigo, completamente superado pelos modernos conceitos de administração pública. E para fixar esse conceito nas mentes dos serranos, nada como uma overdose de propaganda oficial - portanto às nossas custas, pobres contribuintes do, entre outros impostos, pesadíssimo IPTU cobrado na cidade. A avalanche de publicações deveria chamar a atenção do Ministério Público, pois ela configura um flagrante desrespeito à lei, que proíbe o autoelogio por parte de prefeitos e outros agentes públicos.

Visibilidade pessoal

Mesmo depois da criação da Lei de Acesso à Informação (LAI) que reforçou o direito constitucional de obter informações, assessorias de imprensa do setor público têm atuado mais como agência de publicidade do que de comunicação e informação. Jorge Duarte, diretor da Associação Brasileira de Comunicação Pública e organizador do livro "Comunicação pública: Estado, mercado, sociedade e interesse público" (Atlas, 2007), em uma entrevista sobre o assunto à Revista Carta Capital, publicada em 2018, lembrou que o papel dos comunicadores é claro: “Comunicação pública deve estar vinculada ao interesse público e ter como objetivo o atendimento às necessidades do cidadão”. Ele mesmo admitiu, no entanto, que priorizar o cidadão não tem sido uma prioridade. “Há gestores públicos que tentam usar estruturas de comunicação da área pública para obter visibilidade pessoal, ocultar fatos ou tentar manipular a percepção pública para a realidade, e os profissionais de comunicação nem sempre são bem-sucedidos ao enfrentar esse tipo de distorção”, lamentou.

Propaganda demais

A Prefeitura de Serra Negra reservou R$ 760 mil no Orçamento deste ano para gastar em propaganda. Do total, R$ 380 mil estão na rubrica "Comunicação Social", R$ 30 mil em "Publicidade Institucional", R$ 150 mil em "Publicidade de Utilidade Pública" e R$ 200 mil em "Propaganda". Trata-se da maior dotação orçamentária da gestão Elmir Chedid para a área. Por coincidência, no ano em que vai tentar se reeleger prefeito.  

Lista de ausência

O atual 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Serra Negra, César "Ney" Borboni, foi o vereador que mais se ausentou das sessões da Casa em 2023. Ele faltou a nove sessões, segundo levantamento da própria Câmara, de fevereiro a outubro. Depois dele vieram os vereadores Leonel Franco Atanázio, o Leo da Ambulância, com seis faltas, e o atual presidente da Mesa Diretora, Wagner Del Buono, o Waguinho do Hospital, com quatro faltas. A vereadora Ana Bárbara Magaldi esteve ausente de duas sessões. Deoclécio Anghinoni, que assumiu no lugar de Ana Bárbara, licenciada por maternidade, esteve ausente de uma sessão, assim como seus colegas Renato Giachetto, Rosimar Gonçalves e Viviani Carraro. Com exceção de uma ausência não justificada de Ana Bárbara, todas as outras foram justificadas.  

Museu e etc

A Prefeitura de Serra Negra vai receber R$ 1,5 milhão de emenda parlamentar para reformar o antigo paço municipal. Lá deverá funcionar, segundo informou o Executivo em suas redes sociais, um museu "gráfico e expositivo", o receptivo turístico da cidade, a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, a biblioteca municipal, com salas de leitura, pesquisa e estudos, uma hemeroteca e um espaço kids. Vale lembrar que o museu foi desmontado há anos, assim como a biblioteca, que funcionava no Palácio Primavera, que hoje abriga a Câmara Municipal. Também é bom frisar que é inexplicável que a cidade tenha de esperar a reforma do antigo paço municipal para ter um centro de informação ao turista, algo que poderia estar funcionando há muito tempo. Outra informação relevante que muitas vezes a população não percebe é que emendas parlamentares vêm do bolso do contribuinte. Não são, portanto, cortesias que deputados estaduais ou federais fazem pela cidade. Além disso, muitas vezes a verba está condicionada a uma troca de favores. 

Festival de Verão

A prefeitura divulgou a programação do seu "Festival de Verão", de 5 de janeiro a 4 de fevereiro. Os espetáculos musicais serão apresentados nos fins de semana, na Praça João Zelante, essencialmente - haverá algumas, poucas, em bairros da cidade. As atrações são, com exceções, velhas conhecidas do público serrano. Muitos "covers" de artistas famosos e vários músicos regionais. Muitos deles contratados de um único empresário. Nada que faça a cidade se destacar entre tantas outras que promovem esse tipo de festividade. 

Forças progressistas

O PT de Serra Negra vai realizar neste domingo uma reunião com as forças progressistas da cidade, entre os quais o PSOL, para definir os rumos da campanha eleitoral visando conquistar cadeiras na Câmara Municipal e a prefeitura. A intenção é lançar chapa completa para o Legislativo e o Executivo. A avaliação das lideranças dos dois partidos é de que a cidade necessita de sangue novo na disputa, já que os políticos que tradicionalmente concorrem ao Executivo e ao Legislativo não apresentam propostas capazes de promover o desenvolvimento do município.



Comentários

  1. Em vez do "Carnaval em Família", o nome deveria ser "Carnaval dos Cidadãos De Bem". Pra bom entendedor, poucas palavras bastam!

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  2. Nossa cidade precisa de novos representantes os jovens nao tem representatividade a maioria se deslocam para cidade vizinhas no carnaval correndo varios riscos e no dia a dia é pior nao tem acesso a llazer educação e trabalho pois o prefeito so quer agradar o turista

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  3. Sobre a nota do Carnaval, esse edital de concorrer a maior besteira de 2024! Nisso somos campeões!!!

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